quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

amanhecer capitulo 8

 LIVRO 2 – JACOB
8 – ESPERANDO PELO INÍCIO DA MALDITA LUTA
- Meu Deus, Paul, você não tem casa não?
Paul, estirado por todo o meu sofá, assistindo a algum estúpido jogo de baseball na minha
maldita televisão, apenas sorriu pra mim e então - bem devagar - ele levantou um Doritos do saco
ao seu lado e jogou pra dentro da boca de uma só vez.
- Melhor que você tenha trazido esses com você.
Crunch. – Não - ele disse enquanto mastigava. - Sua irmã disse pra eu ir em frente e fazer o
que eu quisesse.
Eu tentei fazer a minha voz parecer como se eu não fosse socá-lo. - Rachel está aqui agora?
Não funcionou. Ele percebeu onde eu estava querendo chegar e escondeu o saco atrás de
suas costas. O saco fez barulho quando ele o amassou com a almofada. Os chips viraram
pedacinhos. Paul fechou as mãos em punho, perto de seu rosto como um boxeador.
- Vai lá, garoto! Eu não preciso da Rachel pra me defender.
Eu bufei. - Certo. Como se você não fosse chorar atrás dela na primeira chance.
Ele gargalhou e deitou no sofá, relaxando as mãos. - Eu não vou tagarelar pra uma garota.
Se você acertar um golpe de sorte, vai ficar apenas entre nós dois. E vice-versa, certo?
Legal da parte dele me fazer um convite. Eu deixei o meu corpo cair, como se tivesse
desistido. - Certo.
Os olhos dele se voltaram pra TV.
Eu ataquei.
O nariz dele fez um barulho muito satisfatório, quando o meu punho o acertou. Ele tentou
me agarrar, mas eu girei o meu copo pra fora do caminho antes que ele pudesse achar um jeito
de me pegar, o saco de Doritos amassado na minha mão esquerda.
- Você quebrou meu nariz, seu idiota.
- Entre nós dois, certo, Paul?
Eu deixei o saco de chips longe. Quando eu voltei, Paul estava colocando o seu nariz no
lugar antes que ele ficasse torto. O sangramento já havia parado; parecia não ter uma fonte para
o que escorria pelos seus lábios e em seu queixo. Ele reclamava, estremecendo enquanto ajeitava
a cartilagem.
- Você é doloroso, Jacob. Eu juro, preferia passar o tempo com a Leah.
- Ouch. Uau, eu aposto que a Leah vai mesmo adorar saber que você quer passar um bom
tempo com ela. Isso vai amansar o coração dela.
- Você vai esquecer que eu disse isso.
- Claro. Eu tenho certeza que não vou deixar isso escapar.
- Ugh - ele grunhiu, e então se jogou novamente no sofá, limpando o restante do sangue na
gola da camisa. - Você é rápido, garoto. Tenho que admitir. - Ele voltou sua atenção pro confuso
jogo.
Eu fiquei ali por um segundo, e então fui pro meu quarto, murmurando sobre abduções
alienígenas.
Voltando, você pode contar com Paul pra uma briga sempre que quiser. Você não precisa
bater nele - apenas um pequeno insulto resolve. Não precisa de muita coisa pra tirá-lo do sério.
Agora, claro, quando eu realmente queria uma boa briga com xingamentos, rasgos e árvores no
chão, ele tinha que estar totalmente relaxado.
Não era ruim o suficiente que outro membro do bando tivesse tido uma impressão - porque
agora eram quatro dos dez! Quando isso ia parar? Um estúpido mito que se acreditava ser raro,
fazendo todo esse estardalhaço! Toda essa coisa de amor à primeira vista era revoltante!
Tinha que ser a minha irmã? Tinha que ser o Paul?
Quando Rachel voltou pra casa do estado de Washignton no fim do semestre - graduada
mais cedo, nerd - meu maior medo foi que seria difícil manter segredo pra ela. Eu não estava
acostumado a disfarçar as coisas na minha própria casa. Isso me fez simpatizar de verdade com o
Embry e o Collin, cujos pais não sabiam que eles eram lobisomens. A mãe de Embry pensou que
ele estivesse passando por uma fase rebelde. Ele estava permanentemente escalado pra fazer a
ronda, mas, claro, não havia muito o que ele pudesse fazer quanto a isso. Ela verificaria seu
quarto toda noite, e toda noite ela o encontraria vazio. Ela xingaria e ele escutaria em silêncio, e
então ele passaria por tudo de novo no dia seguinte. Nós tentamos falar com Sam pra dar um
tempo pro Embry e deixar a mãe dele saber das coisas, mas Embry disse que não se importava. O
segredo era muito importante.
Então eu estava preparando pra guardar o segredo. E então, dois dias depois que Rachel
chegou em casa, Paul foi encontrá-la na praia, Bada bing, bada boom - amor verdadeiro! Segredos
não são necessários quando você encontra sua outra metade, e todo lixo da impressão do
lobisomem.
Rachel ficou sabendo de toda a história. E eu vou ter Paul como cunhado algum dia. Eu
sabia que Billy não estava encantado quanto a isso, também. Mas ele lidou com isso melhor do
que eu. Claro, ele fugiu pra casa dos Clearwater mais frequentemente que de costume esses dias.
Eu não sabia onde isso podia ser melhor. Sem Paul, mas com Leah.
Eu imaginei - uma bala na minha têmpora me mataria ou apenas faria uma grande bagunça
pra eu limpar?
Eu me joguei na cama. Eu estava cansado - não tinha dormido desde a minha última ronda -
mas eu sabia que não ia dormir. Minha cabeça estava muito confusa. Os pensamentos giravam
pelo meu crânio como um exame de abelhas desorientado. Barulhento. De vez em quando elas
picavam. Deviam ser vespas, não abelhas. Abelhas morrem depois de picarem uma vez. E os
mesmos pensamentos me picavam várias e várias vezes.
A espera estava me deixando louco. Já faziam quase quatro semanas. Eu esperava, de um
jeito ou de outro, que as notícias já tivessem chegado nesse momento. Eu fiquei noites
imaginando como ela viria.
Charlie atendia o telefone. Bella e o marido dela perdidos num acidente. Desastre de avião?
Seria difícil de mentir. A menos que os sanguessugas não se importassem de matar um monte de
curiosos pra dar autenticidade ao acidente, e por que se importariam? Talvez um avião pequeno.
Eles provavelmente tinham um disponível.
Ou o assassino voltaria pra casa sozinho, mal sucedido na tentativa de fazê-la ser um deles?
Ou nem teria ido tão longe. Talvez ele a tenha amassado como um saco de chips quando foi
tentar dormir com ela? Porque a vida dela era menos importante que o prazer dele...
A história seria trágica - Bella perdida num terrível acidente. Vítima de um assalto mal
sucedido. Morreu no jantar. Acidente de carro, como a minha mãe. Muito comum. Acontece o
tempo todo.
Ele a traria pra casa? Enterrando-a aqui por Charlie? Cerimônia íntima, claro. O caixão da
minha mãe ficou fechado...
Eu só podia esperar que ele voltasse aqui, ao meu alcance.
Talvez nem tivesse uma história. Talvez o Charlie ligaria pro meu pai pra perguntar se ele
teria ouvido alguma coisa sobre o Dr. Cullen, que não apareceu no trabalho hoje. A casa
abandonada. Ninguém atendendo nos telefones dos Cullen. O mistério apareceria num programa
de notícias de segunda, cheio de suspeitos...
Talvez a grande casa branca seria queimada de cima a baixo, todo mundo preso lá dentro.
Claro, eles precisariam de corpos pra isso. Oito humanos aproximadamente do mesmo tamanho.
Queimados sem poder serem reconhecidos - sem ajuda nem de arcadas dentárias.
Qualquer uma dessas seria difícil - pra mim, isto é. Seria difícil encontrá-los se eles não
quisessem ser encontrados. Claro, eu teria a eternidade pra procurar. Se você tem a eternidade,
você pode verificar cada mísera palha do palheiro, pra ver se é a agulha.
Agora mesmo, eu não me importaria em desmontar um palheiro. Ao menos teria alguma
coisa pra fazer. Eu odeio saber que poderia estar perdendo a minha chance. Dando aos sugadores
de sangue tempo pra fugir. Se esse fosse o plano deles. Poderíamos ir essa noite. Poderíamos
matar todos os que encontrássemos.
Eu gostava desse plano porque eu conhecia Edward bem o suficiente pra saber que, se eu
matasse alguém do clã, eu teria minha chance com ele, também. Ele viria se vingar. E eu daria
isso a ele - eu não deixaria meus irmãos pegarem ele. Seríamos apenas ele e eu. Que o melhor
homem vença.
Mas Sam não ouviria. Nós não vamos quebrar o acordo. Deixe que eles o façam. Só porque
não tínhamos provas de que os Cullen tinham feito alo errado. Ainda. Você tem que colocar o
ainda, porque nós todos sabemos que era inevitável. Bella voltaria sendo uma deles, ou não
voltaria. De todo jeito, uma vida humana seria perdida. E aquilo significava à caça.
No outro quarto, Paul relinchava como uma mula. Talvez ele tivesse mudado o canal pra
uma comédia. Talvez o comercial fosse engraçado. Tanto faz. Aquilo estava me dando nos nervos.
Eu pensei em quebrar o nariz dele de novo. Mas não era com Paul que eu queria brigar. Não
exatamente.
Eu tentei ouvir outros sons, o vento nas árvores. Não era a mesma coisa, não com os
ouvidos humanos. Havia milhões de vozes no vento que eu não podia ouvir com esse corpo.
Mas esses ouvidos eram sensíveis o suficiente. Eu podia ouvir além das árvores, das
estradas, os sons dos carros vindo da curva onde você finalmente pode ver a praia - a vista das
ilhas e as rochas e o grande oceano azul estendendo-se até o horizonte. Os policiais de La Push
gostavam de ficar bem ali. Os turistas nunca percebiam o sinal de redução do limite de velocidade
do outro lado da estrada.
Eu podia ouvir as vozes do lado de fora da loja de souvenirs da praia. Eu podia ouvir o sino
tocar quando a porta abria e fechava. Eu podia ouvir a mãe do Embry na caixa registradora
imprimindo as contas.
Eu podia ouvir as ondas quebrando nas rochas da praia. Eu podia ouvir o grito das crianças
por causa da água gelada vindo rápido demais pra eles saírem do caminho. Eu podia ouvir as
mães reclamando da roupa molhada. E eu podia ouvir uma voz familiar...
Eu prestando atenção no que ouvia que de repente a estrondosa gargalhada de asno de Paul
me fez pular da cama.
- Saia da minha casa - eu resmunguei. Sabendo que ele não prestava nenhuma atenção, eu
segui meu próprio conselho. Eu abri a minha janela e passei pelo caminho de trás, de modo que
eu não visse Paul novamente. Seria muito tentador. Eu sabia que bateria nele de novo, e Rachel já
ficaria bastante enfurecida. Ela veria o sangue na camisa dele, e colocaria a culpa em mim sem
esperar por uma prova. Claro, ela estaria certa, mas ainda assim.
Eu caminhei pela costa, mãos nos bolsos. Ninguém olhava pra mim duas vezes quando eu
atravessava o sujo estacionamento da First Beach. Uma coisa legal do verão - ninguém se importa
se você não está usando nada além de shorts.
Eu segui a voz familiar que eu escutei e encontrei Quil facimente. Ele estava na parte sul da
praia, evitando a parte que ficava lotada de turistas. Ele mantinha constantes avisos.
- Fique longe da água, Claire. Venha. Não, não faça. Oh! Bom, garota! Sério, você quer que
Emily brigue comigo? Eu não vou mais te trazer na praia se você não - ah, é? Não - ugh. Você
acha isso engraçado, não é? Hah! Quem está rindo agora, hein?
Ele pegava a criança risonha pelos tornozelos quando eu os alcancei. Ela tinha um balde em
uma mão, e os jeans dela estavam ensopados. Ele tinha uma enorme marca de molhado na frente
de sua camisa.
- Cinco a zero pra menininha - eu disse.
- Hey, Jake.
Claire gritou e jogou seu balde nos joelhos de Quil. - Chão, chão!
Ele a colocou cuidadosamente em pé e ela correu pra mim. Ela prendeu seus braços na
minha perna.
- Tio Jay!
- Como vai, Claire?
Ela riu. - Qwil toooodo molhado agora.
- Eu estou vendo. Onde esta a sua mãe?
- Foi, foi, foi - Claire cantou - Claire ficou o dia toooodo com Quil. Claire nunca vai voltar pra
casa. - Ela me deixou e correu pro Quil. Ele a levantou e colocou-a sobre seus ombros.
- Parece que alguém atingiu os terríveis dois anos.
- Três, na verdade - Quil me corrigiu. - Você perdeu a festa. Tema de princesa. Ela me fez
colocar uma coroa, e então Emily sugeriu que ela testasse seu novo kit de maquiagem em mim.
- Uau, eu realmente sinto muito não ter estado perto pra ver isso.
- Não se preocupe, Emily tem fotos. Na verdade, eu parece bem gostoso.
- Você é muito otário.
Quil deu de ombros. - Claire se divertiu. Isso era o que importava.
Eu rolei os olhos. Era difícil ficar perto de pessoas que tinham tido impressão. Não importava
o estágio em que elas estivessem - prontos pra dar o nó na gravata, como o Sam ou sendo babás
muito exploradas, como o Quil - a paz e a certeza que radiava deles me dava ânsia de vômito.
Claire gritou nos ombros dele a apontou pro chão. - Pegue rocha, Quil! Pra mim, pra mim!
- Qual delas, criança? A vermelha?
- Vermelha não!
Quil ficou de joelhos - Claire gritava e puxava os cabelos dele como rédeas de cavalo.
- Essa azul?
- Não, não, não... - a garotinha cantou, encantada com seu novo jogo.
A parte esquisita era, Quil estava se divertindo tanto quanto ela. Ele não tinha aquele cara
que os turistas que eram pais ou mães tinham - a cara de quando-será-a-hora-da-soneca?. Você
nunca via um pai de verdade tão interessado em um joguinho infantil que suas crianças pudessem
pensar. Eu vi Quil brinca de por uma hora direto sem ficar entediado.
E eu não podia sequer zoar a cara dele por isso - eu o muito invejava por isso. Embora eu
achasse um saco ele ter que mais quatorze bons anos de eu-sou-bobo pela frente até que Claire
tivesse a idade dele - para Quil, pelo menos, era uma coisa boa que lobisomens não
envelhecessem. Mas todo aquele tempo não parecia aborrecê-lo muito.
- Quil, você já pensou em namorar? - Eu perguntei.
- Hã?
- Não, amarelo não! - Claire reclamou.
- Você sabe. Uma garota de verdade. Digo, só por agora, certo? Não suas noites de folga do
serviço de babá.
Quil olhava pra mim, de boca aberta.
- Pega pedra! Pega pedra! - Claire gritava quando ele não oferecia a ela outra escolha. Ela
bateu na cabeça dele com seu pequeno punho.
- Desculpe, Claire-ursinha. O que você acha dessa linda roxa?
- Não - ela suspirou. - Roxo não.
- Me dê uma idéia. Eu imploro, criança.
Claire pensou. – Verde - ela finalmente disse.
Quil olhou pras rochas, estudando-as. Ele pegou quatro pedras de diferentes tons de verde,
e ofereceu-as a ela.
- Consegui?
- YAY!
- Qual delas?
- Tooodas elas!
Ela abriu as mãos e ele colocou as pequenas pedras nelas. Ela gagalhou e imediatamente
jogou as pedras na cabeça dele. Ele fingiu ficar zonzo e ficou em pé e andou em direção ao
estacionamento. Provavelmente preocupado que ela se resfriasse com as roupas molhadas. Ele era
pior que qualquer mãe paranóica e super-protetora.
- Desculpa se eu estava sendo insistente, cara, sobre a coisa da garota - eu disse.
- Não, está tudo bem - Quil disse. - Isso meio que me pegou de surpresa. Eu não tinha
pensado sobre isso.
- Eu aposto que ela entenderia. Você sabe, quando ela tiver crescido. Ela não ficaria brava
que você tenha uma vida enquanto ela está nas fraldas.
- Não, eu sei. Eu tenho certeza que ela entenderia.
Ele não disse mais nada.
- Mas você não vai fazer isso, não é? - Eu pensei.
- Eu não vejo isso - ele disse com a voz baixa. - Eu não posso imaginar. Eu apenas não...
vejo ninguém desse jeito. Eu não reparo nas garotas mais, você sabe. Eu não vejo o rosto delas.
- Coloque a tiara e maquiagem, e talvez Claire vai ter um diferente tipo de competição pra se
preocupar.
Quil riu e fez barulhos de beijo pra mim. - Você está disponível essa sexta, Jacob?
- Bem que você gostaria - eu disse, e então eu fiz uma careta. - É, acho que sim.
Ele hesitou um segundo e então disse - Você pensa sobre namorar?
Eu suspirei. Acho que eu tinha feito a deixa praquilo.
- Você sabe, Jake, talvez você devesse pensar em ter uma vida.
Ele não disse aquilo como piada. A voz dele estava compreensiva. O que fez aquilo ser pior.
- Eu não as vejo também, Quil. Eu não vejo seus rostos.
Quil suspirou também.
Longe dali, baixo demais pra que qualquer pessoa ouvisse, exceto nós, ao invés das ondas,
um uivo sugiu da floresta.
- Merda, é o Sam - Quil disse. As mãos dele suas mãos voaram pra tocar Claire, como que
pra se certificar que ela ainda estava ali. - Eu não sei onde a mãe dela está!
- Eu vou ver o que é. Se precisarmos de você, eu aviso. - Eu corri com as palavras. Elas
sairam todas emboladas. - Hei, por que você não a leva pra casa dos Clearwater? Sue e Billy
podem ficar de olho nela se for preciso. Eles devem saber o que está acontecendo, de qualquer
maneira.
- Okey, saia daqui, Jake!
Saí correndo, não pelo caminho cheio de ervas daninhas, mas no caminho mais curto em
direção à floresta. Eu ultrapassei a primeira parte do ponte e então passei pelas roseiras, ainda
correndo. Eu senti algumas lágrimas quando os espinhos cortaram a minha pele, mas as ignorei.
As picadas delas seriam curadas antes que eu alcançasse as árvores.
Eu virei atrás da loja e voei pela rodovia. Alguém buzinou pra mim. Uma vez a salvo nas
árvores, eu corri mais rápido, dando grandes passadas. As pessoas ficariam se me vissem. Pessoas
normais não podem correr tanto assim. Algumas vezes eu pensei que seria divertido entrar numa
corrida - você sabe, nas Olimpíadas ou algo do tipo. Seria engraçado ver as caras dos atletas
quando eu passasse por eles. Eu tinha certeza absoluta que no teste que eles fazem pra se
certificar que você não usa esteróides, eles provavelmente encontrariam alguma coisa estranha no
meu sangue. Assim que eu cheguei de verdade na floresta, sem estar cercado por estradas ou
casas, eu tive que parar pra tirar as minhas roupas. Com rapidez e movimentos treinados, eu as
enrolei e amarrei com uma corda em torno do meu tornozelo. Enquanto eu dava o último nó, eu
comecei a me transformar. O fogo percorreu minha espinha, fazendo grandes espasmos pelos
meus braços e pernas. Isso durou apenas um segundo. O calor me inundou, e eu senti pelo
silêncio que eu era algo mais. Eu joguei minhas pesadas patas contra terra e estiquei as minhas
costas.
Me transformar era muito fácil quando eu estava concentrado daquele jeito. Eu não tinha
problemas com meu temperamento mais. Exceto quando ele entrava no caminho.
Por meio segundo, eu lembrei do terrível momento daquela piada de casamento. Eu estava
tão tomado pela fúria que eu não conseguia fazer meu corpo funcionar direito. Eu estava preso,
balançando e queimando, incapaz de fazer a transformação e matar o monstro que estava a
alguns passos de mim. Foi muito confuso. Morrendo de vontade de matá-lo. Com medo de
machucá-la. Meus amigos no caminho. E então, quando eu estava finalmente pronto pra tomar a
forma que eu queria, a ordem do meu líder. A ordem do Alpha. Se fossem apenas Quil e Embry ali
naquela noite, sem Sam... eu seria capaz de matar o assassino, então?
Eu odeio quando Sam impõe a lei desse jeito. Eu odeio o sentimento de não ter escolha. De
ter que obedecer.
E então eu tinha consciência da platéia. Eu não estava sozinho nos meus pensamentos.
Tão absorvido consigo mesmo, pensamento da Leah.
É, sem hipocrisia aqui, Leah, pensei em resposta.
Posso, caras, Sam nos disse.
Nós ficamos em silêncio, e sentimos a reação de Leah pela palavra caras.
Tocante, como sempre.
Sam fingiu não perceber. Onde estão Quil e Jared?
Quil estava com Claire. Ele a está levando pros Clearwater.
Bom. Sue vai ficar com ela.
Jared estava indo pra casa da Kim, Embry pensou. Há chances dele não ter te ouvido.
Havia um resmungo baixo no bando. Eu resmuguei junto. Quando Jared finalmente
apareceu, sem dúvida ele ainda estava pensando em Kim. E ninguém queria saber o que eles
estavam fazendo.
Sam sentou-se sobre suas patas e deu um outro uivo. Era um sinal e uma ordem ao mesmo
tempo.
O bando estava reunido a alguns quilômetros a leste de onde eu estava. Eu girei na floresta
em direção a eles. Leah, Embry e Paul estavam indo em direção a eles também. Leah estava perto
- logo eu conseguiria ouvir os passos dela não muito longe das árvores. Continuamos em linha
paralela, escolhendo não correr juntos.
Bem, não esperaremos por ele o dia todo. Ele vai ter que saber depois.
O que foi, chefe? Paul queria saber.
Eu senti os pensamentos de Sam voltados pra mim - e não apenas os de Sam, mas os de
Seth, Collin e Brady também. Collin e Brady - os garotos novos - estavam rondando com Sam
hoje, então eles deviam saber tudo o que Sam sabia. Eu não sabia por que Seth já estava aqui, e
consciente. Não era a vez dele.
Seth, diga a elas o que você ouviu.
Eu acelerei, querendo estar la. Eu ouvi Leah se mover mais rápido, também. Ela odiava ficar
pra trás. Ser a mais veloz era a única coisa que ela reivindicava.
Reclame disso, estúpido, ela assobiou, e então ela realmente acelerou. Eu afundei minhas
garras no chão e me apressei.
Sam não parecia animado a tolerar nossa competição. Jake, Leah, dêem um tempo.
Nenhum de nós desacelerou.
Sam grunhiu, mas deixou pra lá. Seth?
Charlie ligou pra todo mundo até que encontrou Billy na minha casa.
É, eu falei com ele, Paul completou.
Eu senti um solavanco quando Seth pensou no nome de Charlie. Era isso. A espera tinha
acabado. Eu corri mais rápido, me forçando a respirar, embora meus pulmões parecessem
paralizados.
Qual história seria?
Então, ele está abalado. Acho que Edward e Bella voltaram pra casa semana passada, e...
Meu peito relaxou.
Ela estava viva. Ou ela não estava morta morta, pelo menos.
Eu não percebia o quão diferente aquilo seria pra mim. Eu pensei nela morta o tempo todo,
e eu via isso apenas agora. Eu vi que eu nunca acreditei que ele a traria de volta com vida. Isso
não importava, porque eu sabia o que estava por vir.
É, cara, e aqui estão as más notícias. Charile falou com ela, disse que ela parecia mal. Ela
disse pra ele que está doente. Carlisle pegou o telefone e disse que Bella pegou uma doença rara
na América do Sul. Disse que ela está de quarentena. Charlie está ficando louco, por nem mesmo
ele tem permissão de vê-la. Ele disse que não se importa em ficar doente, mas Carlisle não
concordaria. Sem visitas. Disse a Charlie que era muito sério, mas que ele estava fazendo tudo
que podia. Charlie soube disso há alguns dias, mas ele só ligou pra Billy agora. Ele disse que ela
parecia pior hoje.
O silêncio mental quando Seth acabou foi profundo. Nós todos entendemos. Então ela
morreria dessa doença, assim que Charlie saberia. Eles o deixaria ver o corpo? O pálido,
perfeitamente congelado, e branco corpo? Eles o deixariam tocar a pele gélida - ele notaria quão
dura ela estaria a esse ponto. Eles teriam que esperar até que ela pudesse se controlar, pudesse
aguentar pra não matar Charlie e os outros. Quanto tempo levaria?
Eles a enterrariam? Ela se desenterraria sozinha ou os sugadores de sangue viriam ajudá-la?
Os outros ouviam minhas especulações em silêncio. Eu pensava muito mais sobre isso do
que qualquer um deles.
Leah e eu entramos na clareira mais ou menos ao mesmo tempo. Ela estava certa que tinha
entrado primeiro. Ela se sentou sobre suas patas ao lado de seu irmão enquanto eu marchava em
pra ficar ao lado da mão direita de Sam. Paul circulou e me deixou ficar em meu lugar.
Ganhei de novo, Leah pensou, mas eu mal pude ouví-la.
Eu imaginei porque eu era o único que ainda estava de pé. Meu pêlo dos ombros se
levantou, mostrando a minha impaciência.
Bem, o que nós estamos esperando? Eu perguntei.
Ninguém disse nada, mas eu senti a hesitação deles.
Oh, vamos! O acordo está quebrado!
Nós não temos prova - talvez ela esteja doente...
AH, POR FAVOR!
Okey, as evidências são fortes. Mas... Jacob. O pensamento de Sam era lento, hesitante.
Você tem certeza de que isso é o que você quer? De que é a coisa certa? Nós todos sabemos o
que ela queria.
O acordo não fala nada da preferência da vítima, Sam!
Será que ela é mesmo uma vítima? Você a considera mesmo dessa forma?
Sim!
Jake, Seth pensou, eles não são nossos inimigos.
Cala a boca, menino! Só porque você você tem uma adoração por aquele sugador de
sangue, isso não muda a lei. Eles são nossos inimigos. Eles estão no nosso território. Nós os
tiramos daqui. Eu não me importo se nós lutamos ao lado de Edward Cullen alguma vez na vida.
Então, o que você vai fazer quando Bella lutar ao lado deles, Jacob? Hein? Seth perguntou.
Ela não é mais a Bella.
Você a mataria?
Eu não pude evitar de arrepiar.
Não, você não faria. Então, o que? Você vai querer que algum de nós faça? Então você
culparia algum de nós por isso pra sempre?
Eu não faria...
O instinto me tomou e eu me agachei, rosnando para o lobo cor de areia do outro lado do
círculo.
Jacob! Sam chamou a atenção. Seth, cale-se por um instante.
Seth concordou com sua cabeça grande.
Merda, o que foi que eu perdi? Pensamento do Quil. Ele estava correndo para o local da
reunião a todo o gás. Ouvi sobre a ligação do Charlie...
Nós estamos nos aprontando pra ir, eu disse a ele. Por que você não passa na Kim e pega o
Jared com seus dentes? Vamos precisar de todo mundo.
Venha diretamente pra cá, Quil. Sam ordenou. Nós não decidimos nada ainda.
Eu grunhi.
Jacob, eu tenho que pensar no que é melhor pra esse bando. Eu tenho pensar no jeito que
melhor protege todos vocês. Os tempos mudaram desde que nossos ancestrais fizeram aquele
acordo. Eu... bem, eu honestamente não creio que os Cullen sejam um perigo pra gente. E nós
sabemos que eles não vão ficar aqui por muito mais tempo. Certamente, uma vez que eles
tenham contado a história deles, eles vão sumir. Nossas vidas poderão voltar ao normal.
Normal?
Se nós os desafiarmos, Jacob, eles vão se defeder.
Você está com medo?
Você está pronto pra perder um irmão? Ele fez uma pausa. Ou uma irmã? Ele disse depois
de pensar um pouco.
Eu não estou com medo de morrer.
Eu sei disso, Jacob. Esta e uma razão pela qual eu questiono a sua opinião.
Eu olhei em seus negros olhos. Você pretende honrar o acordo dos nossos pais ou não?
Eu honro o meu bando. Eu faço o que é melhor pra eles.
Covarde.
O focinho dele se contraiu, mostrando os seus dentes.
Já chega, Jacob. Você passou dos limites. A voz mental de Sam mudou pra um estranho
timbre, que nós não podíamos desobedecer. A voz do Alpha. Ele olhou pra cada lobo do círculo.
O bando não vai atacar os Cullen sem ser provocado. O espírito do acordo permanece. Eles
não são perigosos pro nosso povo, ou perigosos pro povo de Forks. Bella Swan fez uma escolha
consciente, e nós não vamos puní-los pela escolha dela.
Entendido, entendido, Seth disse, entusiasmado.
Eu pensei que tinha dito pra você se calar, Seth.
Oops. Desculpe, Sam.
Jacob, onde você pensa que vai?
Eu deixei o círculo, indo diretamente pro oeste de modo que eu desse as costas pra ele. Eu
estou indo dizer adeus ao meu pai. Aparentemente, não há mais razão pra que eu fique mais.
Oh, Jake - não faça isso de novo!
Cale-se, Seth, muitas vozes disseram juntas.
Nós não queremos que você vá embora, Sam me disse, o pensamento dele mais suave que
antes.
Então me force a ficar, Sam. Jogue fora minha vontade. Me escravize.
Você sabe que eu não vou fazer isso.
Então não há nada mais pra ser dito.
Eu corri deles, tentando muito não pensar no que viria depois. Ao invés disso, me concentrei
em minhas memórias dos longos meses como lobo, de deixar a humanidade em mim longe, até
que eu fosse mais animal que humano. Vivendo o momento, comendo quando tinha fome,
dormindo quando estava cansado, bebendo quando tinha sede, e correndo - correndo por correr.
Simples desejos, simples respostas a esses desejos. A dor vinha em variadas formas. Dor de fome.
Dor do gelo sob suas patas. Dor de senti suas garras se partirem porque seu jantar está agressivo.
Cada dor tinha uma resposta fácil, uma ação fácil pra acabar com aquela dor.
Não como ser humano.
Enquanto eu encurtava a distância pra minha casa, eu voltei ao meu corpo de humano. Eu
queria ser capaz de ter alguma privacidade.
Eu desamarrei meus shorts e os vesti, já correndo pra casa.
Eu fiz isso. Eu escondi o que eu pensava e agora era tarde demais pra Sam me impedir. Ele
não podia me ouvir agora.
Sam tinha feito uma regra clara. O bando não atacaria os Cullen. Okay.
Ele não mencionou nada sobre um ataque individual.
Não, o bando não ia atacar ninguém hoje.
E eu ia.

(heloisa santos)

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