sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

a familia em nossas vidas


quando queremos um ombro amigo procuramos a nossa familia a familia é nosso bem mais preciozo de todos podemos ter dezentendimentos com nossa familia mais em epocas como natal e ano novo principalmente queremos ficar com nossa familia queremos que todos que amamos estejan com agente...
nossa familia é muito emportante pois temos que lembra de muitas pessoas que queriam ter uma familia e não tem..
temos que dar valor ao que temos antes que tenhamos que dar valor ao que tiamos..
a familia é uma bensão de deus pois quem tem familia tem tudo...
tem gente que acha que a familia ideal é aquela que tem tudo e que são um exemplo mais muitas vezes essa familia nem é tão feliz assim o esencial pra ter uma familia feliz é essa familia ter amor...
pq não adianta termos tudo e não ter amor o amor é a razão de tudo...
pur mais que na sua familia tenha discusoes brigas desentendimentos se tiver amor vcs são muito abençoados..
uma familia não tem que ser um exemplo mais sim uma familia feliz e unida..
tem muita gente que briga com irmão ou irmã mais não pensa que tem tanta gente que queria ter um irmão ou uma irmã mais não tem...
familia não é só pros momentos bons mais tambem pros mals momentos..
temos que esta com nossa familia em todos os momentos de nossas vidas..
afinal essa familia é fruto de nosos pais e temos que agradecer a eles pq se não foçe eles agente nem tinha nascido..
o amor de uma familia é unico e muitas vezes em nosas diferenças agente encontra o amor...
digo isso por esperiença propria eu não me dava muito bem com minha avó e hje liguei pra ela pra desejar um feliz ano novo e quando façei com ela comecei a chorar não sei pq mais me batel uma vontade de dizer _vó eu te amo.. e eu disse ela retribuil dizendo _tambem te amo minha netinha..
quando agente não se dar muito bem com uma pessoa não quer dizer que não gostamos dela e sim que não temos muitas coizas em comum com ela mais mesmo assim a amamos...
o natal e ano novo é pra se passar com a familia e amigos e com quem amamos de coração por tanto se vc ta brigado ou chateado com alguem que ama de verdade pesa descupas e faça as pazes pq 2012 tem que chegar e agente tem que estar de bem com que amamos..
2011 foi muito bom mais 2012 vai ser melhor ainda...
FELIZ 2012 PRA TODOS OS LEITORES DESSE BLOG..

(Heloisa santos)

AMANHECER CAPITULO 15

 15 – TICK, TOCK, TICK, TOCK, TICK, TOCK
Hey, Jake, pensei que você tivesse dito que me queria aqui ao anoitecer. Porque você não
fez Leah me acordar antes dela pegar no sono?
Porque eu não precisei de você. Eu ainda estou bem.
Ele já estava indo para a metade norte do círculo. Alguma coisa?
Não. Nada além de nada.
Você procurou alguma coisa?
Ele percebeu que eu tinha me desviado um pouco do caminho. Ele dirigiu à trilha nova.
É – eu dei umas voltinhas. Você sabe, só pra checar. Se os Cullen vão fazer uma viagem
para caçar...
Boa idéia.
Seth fez uma volta para voltar ao perímetro principal.
Era mais fácil correr com ele do que fazer a mesma coisa com Leah. Apesar dela estar
tentando – tentando muito – havia sempre algo em seus pensamentos. Ela não queria estar aqui.
Ela não queria sentir a mesma afeição aos vampiros que havia em minha cabeça. Ela não queria
lidar com a amizade próxima que Seth tinha com eles, uma amizade que só estava ficando mais
forte.
Engraçado, no entanto, que eu tinha pensando que o maior problema no mundo pra ela era
eu. Nós sempre enlouquecemos um ao outro quando estávamos no bando de Sam. Mas agora não
havia absolutamente nenhum antagonismo dirigido a mim, só aos Cullen e Bella. Eu queria saber
porque. Talvez fosse simplesmente gratidão por eu não estar forçando ela a ir embora. Talvez
fosse porque agora eu entendia melhor a hostilidade dela. Fosse o que fosse, correr com Leah não
era nem um pouco tão ruim quanto eu havia esperado.
É claro, ela não havia melhorado tanto assim. A comida e as roupas que Esme tinha
mandado para ela estavam todos fazendo uma viagem rio abaixo agora. mesmo depois de eu ter
comido a minha parte – não porque o cheiro era praticamente irresistível fora do cheiro dos
vampiros, mas para dar um bom exemplo de auto-sacrifício e tolerância a Leah – ela recusou. O
pequeno alce que ela comeu por volta do meio dia não tinha satisfeito seu apetite. Mas deixou o
seu humor pior ainda. Leah odiava comida crua.
Talvez devêssemos correr um pouco ao leste? Seth sugeriu. Ir fundo, ver se eles estão
esperando por lá.
Eu estava pensando nisso, eu concordei. Mas vamos fazer isso quando estivermos todos
acordados. Eu não quero baixar nossa guarda. Mas nós devíamos fazer isso antes que os Cullen
tentem. Em breve.
Certo.
Isso me fez pensar.
Se os Cullen fossem capaz de sair da área em segurança, eles realmente deviam seguir em
frente. Eles provavelmente deviam ter escapado no momento que nós fomos avisá-los. Eles
tinham que ter outra forma de escapulir. E eles tinham amigos ao norte, certo? Pegar Bella e fugir.
Essa parecia ser a resposta óbvia para os problemas deles.
Eu provavelmente devia sugerir isso, mas eu estava com medo que eles me dessem ouvidos.
E eu não queria que Bella desaparecesse – nunca ficar sabendo se ela tinha conseguido ou não.
Não, isso era estupidez. Eu os diria para ir. Não fazia sentido eles ficarem, e isso seria
melhor – não menos doloroso, mas mais saudável – para mim se Bella fosse embora.
Era fácil dizer isso agora, quando Bella não estava lá, parecendo toda feliz em me ver e se
agarrando à vida com as unhas ao mesmo tempo...
Oh, eu já perguntei a Edward sobre isso, Seth pensou.
O que?
Eu perguntei porque eles não havia escapado ainda. Ido para a casa de Tanya ou algo
assim. Algum lugar longe demais pra que Sam fosse atrás dele.
Eu tive que lembrar a mim mesmo que eu tinha decidido dar aos Cullen esse mesmo
conselho. Isso era o melhor. Então eu não devia estar bravo com Seth por ter tirado a tarefa das
minhas mãos. Nem um pouco bravo.
Então o que ele disse? Eles estão esperando uma brecha?
Não. Eles não vão partir.
E isso não devia parecer uma boa notícia.
Porque não? Isso é estúpido.
Na verdade não, Seth disse, agora na defensiva. Leva algum tempo pra construir o tipo de
acesso médico que Carlisle tem por aqui. Ele tem todo tipo de coisa que precisa para cuidar de
Bella, e as credenciais para conseguir mais. Esse é um dos motivos pelos quais eles querem fazer
uma viagem de caça. Carlisle acha que eles vão precisar de mais sangue para Bella em breve. Ela
está usando todo o O negativo que eles estocaram para ela. Ele não gosta de saquear o banco de
sangue. Ele vai comprar mais um pouco. Você sabia que se pode comprar sangue? Se você for
médico.
E ainda não estava pronto para ser lógico. Ainda parece estupidez. Eles podiam levar a
maioria das coisas com eles, certo? E roubar o que precisassem onde quer que eles fossem. Quem
se importa com essa baboseira legal quando se é imortal?
Edward não quer se arriscar a tirá-la do lugar.
Ela está melhor do que antes.
Bastante, Seth concordou. Na cabeça dele, ele estava comparando minhas memórias de
Bella pregada nos tubos e a última vez que ele tinha visto ela antes de sair da casa. Ela sorriu para
ele e acenou. Mas ela não pode se mover demais, sabe. Aquela coisa está chutando ela até não
poder mais.
Eu engoli o ácido estomacal da minha garganta. É, eu sei.
Quebrou outra costela dela, ele me disse sombriamente.
Meu passo diminuiu, e eu cambaleei um passo antes de retomar a ritmo.
Carlisle enfaixou ela de novo. Só mais uma parte, ele disse. Então rosalie falou alguma coisa
sobre como até os bebês normais são conhecidos por quebrarem costelas. Parecia que Edward ia
arrancar a cabeça dela.
Que pena que ele não fez isso.
Seth estava com o plantão de notícias ligado – sabendo que tudo era vitalmente interessante
pra mim, mesmo eu não tendo pedido pra ouvir. A febre de Bella diminuiu e aumentou o dia
inteiro. Só pequenas alterações – suores e depois calafrios. Carlisle não tem certeza do que fazer
sobre isso – ela pode simplesmente estar doente. O sistema imunológico dela deve estar sem
forças agora.
É, eu tenho certeza que é só uma coincidência.
Mas ela está de bom humor. Ela estava conversando com Charlie, rindo e tudo mais –
Charlie! O quê?! O que você quer dizer com ela estava conversando com Charlie?!
Agora o passo de Seth falhou; minha fúria o surpreendeu. Eu acho que ele telefona todos os
dias para conversar com ela. Às vezes a mãe dela também liga. Bella parece estar muito melhor
agora, então ela estava assegurando ele que estava melhorando –
Okay. Seth não fez outros comentários. Ele ficou bastante concentrado na floresta vazia.
Eu mantive meu curso ao sul, procurando alguma coisa nova. Eu dei a volta quando avistei
os primeiros sinais de habitação. Ainda não estava perto de nenhuma cidade, mas eu não queria
recomeçar boatos sobre lobos. Agora já estávamos bonzinhos e invisíveis a um bom tempo.
Eu passei pelo perímetro no meu caminho de volta, indo em direção à casa.
Mesmo sabendo que era uma estupidez fazer isso, eu não consegui me deter. Eu devia ser
uma espécie de masoquista.
Não há nada de errado com você, Jake. Essa não é uma situação muito comum.
Por favor, Seth, cala a boca.
Calando.
Dessa vez eu não hesitei na porta; eu simplesmente passei por ela como se fosse dono do
lugar. Eu achei que isso ia tirar Rosalie do sério, mas meus esforços foram em vão. Nem Rosalie
nem Bella estavam em lugar algum. Eu olhei loucamente ao redor, esperando não as ter visto em
algum lugar, meu coração se apertando às costelas de uma forma estranha, desconfortável.
- Ela está bem - Edward sussurrou. - Ou, na mesma, eu diria.
Edward estava no sofá com as mãos no rosto; ele não olhou pra cima para falar. Esme
estava ao lado dele, com o braço segurando os ombros dele com força.
- Olá, Jacob - ela disse. - Eu estou muito feliz por você ter voltado.
- Eu também - Alice disse com um suspiro profundo. Ela veio descendo as escadas, fazendo
uma careta. Como se eu estivesse atrasado para um compromisso.
- Uh, hey - eu disse. Era estranho tentar ser educado. - Onde está Bella?
- Banheiro - Alice disse. - Ela está na dieta do líquido, sabe. Além do mais, pelo que eu
soube, esse negócio de engravidar faz isso com você.
- Ah.
Eu fiquei lá todo estranho, me balançando nos calcanhares pra frente e pra trás.
- Oh, maravilha - Rosalie rosnou. Eu virei a cabeça e a vi vindo de um corredor meio
escondido pelas escadas. Ela estava com Bella gentilmente curvada em seus braços, uma careta
endurecida no rosto pra mim. - Eu sabia que alguma coisa estava cheirando mal.
E, exatamente como antes, o rosto de Bella se iluminou como uma criança na manhã de
Natal. Como se eu tivesse trazido pra ela o melhor presente de todos.
Isso era muito injusto.
- Jacob - ela respirou. - Você veio.
- Oi, Bells.
Esme e Edward ficaram de pé. Eu observei como Rosalie colocava Bella cuidadosamente no
sofá. Eu observei como, apesar disso, Bella ficou pálida e prendeu a respiração – como se ela
estivesse disposta a não fazer barulho não importa o quanto doesse.
Edward passou as mãos na testa dela e então pelo pescoço. Ele fez parecer que estava
apenas colocando o cabelo dela pra trás, mas pra mim pareceu um exame médico.
- Você está com frio? - Ele murmurou.
- Eu estou bem.
- Bella, você sabe o que Carlisle disse - Rosalie disse. - Não esconda nada. Isso não nos
ajuda a cuidar de vocês dois.
- Está bem, eu estou com um pouco de frio. Edward, você pode me passar o cobertor?
Eu revirei os olhos. - Não é pra isso que eu to aqui?
- Você acabou de entrar - Bella disse. - Depois de ter corrido o dia inteiro, eu aposto. Ponha
os pés pra cima um minuto. Eu provavelmente vou ficar aquecida daqui a pouco.
Eu a ignorei, indo me sentar no chão perto do sofá enquanto ela ainda estava me dizendo o
que fazer. Nesse ponto, no entanto, eu não tinha certeza de como... Ela parecia meio frágil, e eu
estava com medo de mexer nela, até mesmo de colocar o braço ao seu redor. Então eu só me
inclinei cuidadosamente ao lado dela, deixando meu braço descansar no braço dela, e segurei sua
mão. Então eu coloquei minha outra mão em seu rosto. Era difícil dizer se ela estava sentindo
mais frio do que o normal.
- Obrigada, Jake - ela disse, e eu a senti estremecer uma vez.
- Ta - eu disse.
Edward sentou no braço do sofá aos pés de Bella, seus olhos sempre no rosto dela.
Era pedir demais, com toda a super audição naquela sala, que ninguém reparasse no meu
estômago roncando.
- Rosalie, porque você não pega algo na cozinha para Jacob? - Alice disse. Ela estava
invisível agora, silenciosamente sentada atrás do encosto do sofá.
Rosalie encarou sem acreditar para o lugar de onde a voz de Alice estava vindo.
- Obrigado, mesmo assim, Alice, mas eu não acho que quero comer alguma coisa cuspida
pela loira. Eu aposto que o meu sistema não ia aceitar muito bem o veneno.
- Rosalie nunca envergonharia Esme com tal demonstração de falta de hospitalidade.
- É claro que não. - A loira disse numa voz agridoce da qual eu desconfiei imediatamente.
Ela levantou e saiu rapidamente da sala.
Edward suspirou.
- Você me diria se ela envenenasse a comida, né? - Eu perguntei.
- Sim - Edward prometeu.
E por algum motivo eu acreditei.
Havia muito barulho na cozinha, e – estranhamente – o som do metal protestando enquanto
sofria abuso. Edward suspirou de novo, mas também sorriu só um pouco. então Rosalie voltou
antes que eu pudesse pensar muito sobre isso. Com um sorriso satisfeito, ela colocou uma tigela
prateada no chão perto de mim.
- Aproveite, retardado.
Provavelmente aquilo, um dia, tinha sido só uma tigela grande, mas ela praticamente fez as
bordas se curvarem até que ela tivesse quase o formato de uma tigela de cachorro. Eu fiquei
impressionado pelo rápido artesanato dela. E a atenção aos detalhes. Ela tinha escrito a palavra
Totó na lateral. Excelente caligrafia.
Só porque a comida parecia muito boa – filé, nada menos, e uma batata assada com tudo o
que tinha direito – eu disse a ela - Obrigada, loira.
Ela rosnou.
- Hey, você sabe como se chama uma loira com cérebro? - Eu perguntei, e tentei continuar
num fôlego só. - um golden retriever.
- Eu também já ouvi essa - ela disse, sem sorrir.
- Eu vou continuar tentando - eu prometi, e então comecei a comer.
Ela fez uma cara de nojo e revirou os olhos. Então ela sentou em um dos braços do sofá e
começou a passar os canais da TV tão rápido que não era possível que ela realmente estivesse
procurando por algo pra assistir.
A comida estava boa, mesmo com o fedor de vampiro no ar. Eu realmente estava me
acostumando a isso. Huh. Não era uma coisa que estava querendo fazer, exatamente...
Quando eu terminei – apesar de que eu estava considerando a idéia de lamber a tigela, só
pra dar um motivo pra Rosalie reclamar – eu senti os dedos de Bella passando suavemente pelo
meu cabelo. Ela o assentou na minha nuca.
- Hora de cortar o cabelo, huh?
- Você está ficando meio descabelado - ela disse. - Talvez –
- Me deixe adivinhar, alguém aqui costumava cortar cabelo em um salão em Paris?
Ela gargalhou. - Provavelmente.
- Não, obrigado - eu disse antes que ela realmente pudesse oferecer. - Eu estou bem por
algumas semanas ainda.
Isso me fez pensar por quantas semanas ela ficaria bem. Eu tentei pensar numa forma
educada de perguntar.
- Então... um... qual é a, er, data? Você sabe, a data que o monstrinho vai nascer.
Ela deu um tapa atrás da minha cabeça com a mesma força que uma pena tinha, mas não
respondeu.
- Eu estou falando sério - eu disse a ela. - Eu quero saber por quanto tempo eu terei que
ficar aqui. - Quanto tempo você vai ficar aqui, eu adicionei em minha cabeça. Aí eu me virei pra
olhar pra ela. Seus olhos estavam pensativos; a linha de estresse estava entre as sobrancelhas
dela de novo.
- Eu não sei - ela murmurou. - Não exatamente. Obviamente, aqui nós não estamos
acompanhando o modelo dos nove meses e nós não conseguimos fazer uma ultrassom, então
Carlisle está adivinhando pelo tamanho que eu estou. Pessoas normais ficam com cerca de
quarenta centímetros aqui – ela passou o dedo no meio do seu estômago inchado – quando o
bebê já cresceu completamente. Apenas um centímetro por semana. Eu estava com trinta
centímetros essa manhã, e estou ganhando dois centímetros a cada dia, às vezes mais...
Duas semanas para cada dia, os dias estavam voando. E vida dela estava sendo adiantada.
Quantos dias isso dava a ela, se ela estava contando até quarenta? Quatro?
Eu levei um minuto pra lembrar como engolir.
- Você está bem? - Ela perguntou.
Eu balancei a cabeça, sem ter certeza como a minha voz sairia.
O rosto de Edward tinha virado pro lado oposto enquanto ele ouvia meus pensamentos, mas
eu conseguia ver o reflexo dele na parede de vidro. Ele era um homem pegando fogo novamente.
Era engraçado como ter um prazo fazia com que fosse mais difícil pensar em ir embora, ou
deixa-la ir embora. Eu estava feliz por Seth ter tocado no assunto, então eu sabia que eles iam
ficar aqui. Seria intolerável, se eles realmente fossem embora, tirar um ou dois dias entre aqueles
quatro. Meus quatro dias.
Também era engraçado como, mesmo sabendo que estava quase no fim, o laço que me
prendia a ela só ficava mais difícil de se quebrar. Isso quase estava relacionado à barriga em
crescimento dela – como se ficando maior, ela estivesse ganhando força gravitacional.
Por um minuto eu tentei olha-la à distância, tentar me livrar do imã. Eu sabia que não era só
minha imaginação que tornava minha necessidade dela maior ainda. Porque isso estava
acontecendo? Porque ela estava morrendo? Ou porque sabendo que se ela não estivesse
morrendo, mesmo assim – na melhor hipótese – ela estava se transformando em outra coisa que
eu não conheceria ou entenderia?
Ela passou o dedo na maçã do meu rosto, e minha pele estava molhada onde ela tocou.
- Vai ficar tudo bem - ela gaguejou um pouco. Não importava que as palavras não
significassem nada. Ela disse isso da mesma forma que as pessoas cantavam aquelas músicas pra
ninar criança. Diga boa noite, bebê.
- Certo - eu murmurei.
Ela se curvou no meu braço, descansando a cabeça no meu ombro. - Eu não achei que você
viria. Seth disse que você viria, e Edward também, mas eu não acreditei neles.
- Porque não? - Eu perguntei bruscamente.
- Você não fica feliz aqui. Mas veio do mesmo jeito.
- Você me queria aqui.
- Eu sei, mas você não precisava vir, porque não é justo que eu te queira aqui. Eu teria
entendido.
Eu fiquei quieto por um minuto. Edward recompôs o rosto. Ele estava olhando para a Tv
enquanto Rosalie continuava passando canais. Ela já estava pra lá dos seiscentos. Eu me
perguntei quanto tempo levaria pra voltar pro início.
- Obrigada por ter vindo - Bella sussurrou.
- Posso te perguntar uma coisa? - Eu perguntei.
- É claro.
Edward não parecia estar prestando nem um pouco de atenção em nós, mas ele sabia o que
eu estava prestes a perguntar, então ele não me enganava.
- Porque você me quer aqui? Seth podia te manter aquecida, e é provável que ele tenha
mais facilidade em ficar por perto, feliz como um boboca. Mas quando eu passo pela porta, você
sorri como se eu fosse a sua pessoa favorita no mundo.
- Você é uma delas.
- Isso é um saco, sabe.
- É - ela suspirou. - Desculpa.
- Mas porque? Você não respondeu isso.
Edward tinha desviado o olhar de novo, como se estivesse olhando pra fora pelas janelas.
No reflexo o rosto dele estava vazio.
- Eu me sinto... completa quando você está aqui, Jacob. Como se toda a minha família
estivesse junta. Quer dizer, eu acho que é como se fosse – eu nunca tive uma família grande
antes. É bom. - Ela sorriu por meio segundo. - Mas não está completa a não ser que você esteja
aqui.
- Eu nunca fui parte da sua família, Bella.
Eu podia ter sido. Eu teria sido bom nisso. Mas esse era um futuro distante que morreu
antes de ter a chance de viver.
- Você sempre foi parte da minha família - ela discordou.
Meus dentes fizeram barulho quando se cerraram. - Essa resposta é uma merda.
- Qual é a boa resposta?
- Que tal ‘Jacob, eu me divirto com a sua dor’.
Eu a senti enrijecer.
- Você preferiria isso? - ela sussurrou.
- Pelo menos é mais fácil. Eu podia enfiar isso na minha cabeça. Eu podia lidar com isso.
Aí eu olhei para baixo, para o rosto dela, tão próximo ao meu. Os olhos dela estavam
fechados e ela estava fazendo uma careta. - Nós saímos com caminho, Jake. Perdemos o
equilíbrio. Você nasceu pra fazer parte da minha vida – eu posso sentir isso, e você também pode.
- Ela parou por um segundo sem abrir os olhos – como se estivesse esperando que eu negasse.
Quando eu não disse nada, ela continuou.
- Mas não assim. Nós fizemos algo errado. Não. Eu fiz. Eu fiz algo errado, e saímos do
caminho...
A voz dela parou , e a careta em seu rosto relaxou até que era apenas uma pequena torção
nos lábios dela. Eu esperei que ela derramasse mais um pouco de suco de limão no corte, mas aí
um ronco leve veio do fundo da garganta dela.
- Ela está exausta - Edward murmurou. - Foi um longo dia. Um dia duro. Eu acho que ela
teria ido dormir mais cedo, mas ela estava esperando por você.
Eu não olhei pra ele.
- Seth disse que ela quebrou outra costela.
- Sim. Está dificultando a respiração dela.
- Ótimo.
- Me avise quando ela ficar com calor de novo.
- Tá.
Ela ainda tinha arrepios no braço que não estava tocando o meu. Eu mal tinha levantado a
cabeça pra procurar um cobertor quando Edward puxou um que estava jogado no braço do sofá e
o sacudiu por cima dela.
Ocasionalmente, a coisa de ler mentes poupava tempo. Por exemplo, talvez eu não
precisasse fazer uma grande cena de acusação sobre o que estava acontecendo com Charlie.
Aquela bagunça. Edward ia simplesmente ouvir exatamente o quão furioso –
- Sim - ele concordou. - Não é uma boa idéia.
- Então porque? - Porque Bella estava dizendo ao pai que estava melhorando quando isso só
o faria mais infeliz?
- Ela não agüenta a ansiedade dele.
- Então é melhor –
- Não. Não é melhor. Mas eu não vou forçá-la a fazer nada que a deixe infeliz agora. O que
quer que aconteça, isso faz ela se sentir melhor. Eu vou lidar com o resto depois.
Isso não parecia certo. Bella não amenizaria a dor de Charlie para que mais tarde alguma
outra pessoa lidasse com isso. Mesmo morrendo. Ela não era assim. Se eu conhecia Bella, ela
tinha algum outro plano.
- Ela tem certeza absoluta que vai viver - Edward disse.
- Mas não como humana - eu protestei.
- Não, não como humana. Mas de qualquer forma, ela espera ver Charlie novamente.
Oh, isso estava ficando cada vez melhor.
- Ver. Charlie. - Eu finalmente olhei pra ele, meus olhos se arregalando. - Depois. Ver Charlie
quando ela estiver brilhando de tão branca e com olhos vermelhos brilhantes. Eu não sou um
sugador de sangue, então talvez eu esteja perdendo alguma coisa, mas Charlie parece ser uma
escolha estranha para ser a primeira refeição dela.
Edward suspirou. - Ela sabe que não vai agüentar ficar perto dele por pelo menos um ano.
Ela acha que pode controlar a situação. Dizer a Charlie que precisa ir para algum hospital especial
do outro lado do mundo. Manter contato por telefone...
- Isso é loucura.
- Sim.
- Charlie não é burro. Mesmo se ela não o matar, ele vai reparar na diferença.
- Ela está meio que fazendo uma aposta.
Eu continuei a encarar, esperando que ele explicasse.
- Ela não estaria envelhecendo, é claro, então isso estabeleceria um limite de tempo, mesmo
que Charlie aceitasse qualquer que fosse a explicação que ela inventasse para explicar as
mudanças. - Ele deu um sorriso fraco. - Você lembra de como tentou contá-la sobre a sua
transformação? Como você a fez adivinhar?
Minha mão livre se curvou no punho. - Ela te contou sobre isso?
- Sim. Ela estava explicando a... idéia dela. Veja, ela não pode contar a Charlie a verdade –
seria perigoso demais pra ele. Mas ele é um homem esperto, prático. Ela acha que ele vai
encontrar uma explicação. Ela presume que ele vai entender tudo errado - ele bufou. - Afinal, nós
dificilmente aderimos aos padrões de vampiros. Ele vai tirar conclusões erradas sobre nós, como
ela fez no início, e nós vamos agir de acordo com isso. Ela acha que será capaz de vê-lo... de vez
em quando.
- Loucura - eu repeti.
- Sim - ele concordou de novo.
Eu fiquei fraco de vê-lo deixar ela fazer o que queria, só pra faze-la feliz agora. Isso não ia
acabar bem.
Isso me fez pensar que ele provavelmente não estava esperando que ela sobrevivesse para
botar esse plano louco em andamento. Ele estava acalmando-a, pra que ela pudesse ser feliz por
mais um tempo.
Tipo, por mais quatro dias.
- Eu vou lidar com o que quer que aconteça - ele sussurrou, e virou o rosto pra baixo para
que eu não conseguisse nem ver seu reflexo. - Eu não vou causar dor a ela agora.
- Quatro dias? - Eu perguntei.
Ele não olhou pra cima. - Aproximadamente.
- E depois o quê?
- O que você quer dizer, exatamente?
Eu pensei no que Bella tinha dito. Sobre a coisa estar presa e bem amarrada em algo forte,
algo como pele de vampiro. Como aquilo funcionava? Como se saía?
- Pela pouca pesquisa que pudemos fazer, parece que a criatura usa os dentes para escapar
da placenta - ele sussurrou.
Eu tive que parar pra engolir bile.
- Pesquisa? - eu perguntei fracamente.
- É por isso que você não tem visto Emmett e Jasper por aqui. É isso que Carlisle está
fazendo agora. Tentando decifrar histórias e mitos antigos, o máximo que podemos com o que
temos por aqui, procurando alguma coisa que nos ajude a prever o comportamento da criatura.
Histórias? Se eram mitos, então...
- Então essa coisa não é a primeira da nossa espécie? - Edward perguntou, antecipando
minha pergunta. - Talvez. É tudo muito vago. Os mitos poderiam facilmente ser frutos do medo e
da imaginação. Mas... – ele hesitou – os mitos de vocês são verdadeiros, não são? Talvez esses
também sejam. Eles parecem ser bem localizados, ter ligação...
- Como você encontrou...?
- Havia uma mulher que encontramos na América do Sul. Ela cresceu com as tradições de
seu povo. Ela ouviu avisos sobre tais criaturas, histórias antigas que foram passadas.
- Quais eram os avisos? - Eu sussurrei.
- A criatura deve ser morta imediatamente. Antes que ganhe força demais.
Exatamente como Sam tinha pensado. Ele estava certo?
- É claro, as lendas dizem o mesmo sobre nós. Que devemos ser destruídos. Que somos
assassinos desalmados.
Dois a dois.
Edward deu uma gargalhada dura.
- O que as histórias deles falavam sobre as... mães?
Agonia tomou o rosto dele e, enquanto eu me inclinava pra longe da dor dele, eu soube que
ele não ia me dar uma resposta. Eu duvidava que ele pudesse falar.
Foi Rosalie – que esteve tão quieta e silenciosa desde que Bella caiu no sono que eu quase a
esqueci – quem respondeu.
Ela fez um som de deboche no fundo da garganta. - É claro que não haviam sobreviventes -
ela disse. Nada de sobreviventes, insensível e despreocupada. - Dar a luz num campo molhado e
infestado de doenças com um médico cuspindo obscenidades na sua cara para afastar os espíritos
do mau nunca foi a melhor forma. Mesmo os partos normais dão errado às vezes. Nenhum deles
tinha o que esse bebê tem – pessoas que têm uma idéia do que um bebê precisa, que tentam
suprir essas necessidades. Um médico com um conhecimento totalmente único da natureza dos
vampiros. Um plano pronto para fazer um bebê nascer da forma mais segura possível. Veneno
para reparar qualquer coisa que dê errado. O bebê vai ficar bem. E aquelas outras mães
provavelmente teriam sobrevivido – se tivessem existido pra começo de história. Coisa da qual eu
não estou convencida. - Ela inalou o ar, desdenhosa.
O bebê, o bebê. Como se isso fosse tudo o que importava. A vida de Bella era um mero
detalhe pra ela – fácil de deixar de lado.
O rosto de Edward ficou branco feito neve. As mãos dele se curvaram parecendo garras.
Totalmente egoísta e indiferente, Rosalie virou na cadeira até ficar de costas pra ele. ele se
inclinou para a frente, ficando em posição de ataque.
Permita-me, eu sugeri.
Ele parou, erguendo uma sobrancelha.
Silenciosamente, eu ergui minha tigela de cachorro do chão. Então, com um movimento
rápido e poderoso do meu pulso, eu a atirei atrás da cabeça da loira com tanta força que – com
um bang ensurdecedor – ela bateu com tudo antes de ricochetear através da sala e ir bater numa
peça fixada no topo do corrimão da escada.
Bella se mexeu mas não acordou.
- Loira burra - eu murmurei.
Rosalie virou a cabeça lentamente, e seus olhos estavam faiscando.
- Você. Derrubou. Comida. No. Meu. Cabelo.
Isso eu fiz.
Eu explodi. Eu afastei Bella para não balançá-la, e lágrimas escorreram do meu rosto de
tanto que eu ria. De trás do sofá, eu ouvi a risada cristalina de Alice se juntar à minha.
Eu me perguntei porque Rosalie não pulou em mim. Eu meio que esperei isso. Mas aí eu me
dei conta de que a minha risada tinha acordado Bella, apesar dela ter permanecido dormindo
quando o maior barulho aconteceu.
- O que é tão engraçado? - Ela murmurou.
- Eu derrubei comida no cabelo dela - eu disse a ela, caindo na gargalhada de novo.
- Eu não vou esquecer isso, cachorro - Rosalie assobiou.
- Não é tão difícil apagar a memória de uma loira - eu comentei. - É só soprar no ouvido
dela.
- Arrume umas piadas novas - ela rebateu.
- Vamos, Jake. Deixe Rose em – Bella parou no meio da frase e sugou o ar profundamente.
No mesmo segundo, Edward estava inclinado sobre mim, tirando o cobertor do caminho. Ela
parecia estar em convulsão, suas costas se arqueando no sofá.
- Ele só está - ela ofegou. - Se esticando.
Seus lábios estavam brancos, e ela travou os dentes como se estivesse tentando conter um
grito.
Edward colocou as mãos nos lados no rosto dela.
- Carlisle? - Ele chamou numa voz tensa, baixa.
- Bem aqui - o doutor disse. Eu não tinha o ouvido entrar.
- Okay - Bella disse, ainda respirando dura e superficialmente. - Eu acho que acabou. A
pobre criança não tem espaço suficiente, isso é tudo. Ele está ficando grande demais.
Isso era muito difícil de agüentar, o tom de adoração que ela usava para descrever a coisa
que a estava despedaçando. Especialmente depois da falta de tato de Rosalie. Isso me fez querer
poder atirar alguma coisa em Bella também.
Ela não percebeu meu humor. - Sabe, ele me faz lembrar de você, Jake - ela disse - num
tom carinhoso – ainda resfolegando.
- Não me compare com essa coisa - eu cuspi por entre os dentes.
- Eu estava falando do seu crescimento - ela disse, parecendo que eu havia magoado seus
sentimentos. Bom. - Você simplesmente deu um salto. Dava pra te ver você ficando mais alto a
cada minuto. Ele é assim também. Crescendo tão rápido.
Eu mordi a língua pra não dizer o que estava querendo dizer – com força suficiente pra
sentir o sangue na minha boca. É claro, ia sarar antes que eu pudesse engolir. Era disso que Bella
precisava. Ser forte como eu, ser capaz de se curar...
Ela respirou com mais facilidade e relaxou de novo no sofá, seu corpo ficando amolecido.
- Hmm - Carlisle murmurou. Eu olhei pra ele, e os olhos dele estavam em mim.
- O quê? - Eu quis saber.
A cabeça de Edward pendeu para um lado enquanto ele refletia o que quer que estivesse na
cabeça de Carlisle.
- Sabe aquilo que eu estava pensando sobre uma transformação genética no feto, Jacob.
Sobre seus cromossomos.
- O que tem isso?
- Bem, levando as similaridades em consideração –
- Similaridades? - eu rosnei, não gostando do plural.
- O crescimento acelerado, o fato que Alice também não consegue ver nenhum dos dois.
Eu senti meu rosto ficar branco. Eu tinha esquecido dessa outra.
- Bem, eu me pergunto se isso significa que nós temos uma resposta. Se as similaridades
estão nos genes.
- Vinte e quatro pares - Edward murmurou baixinho.
- Você não sabe disso.
- Não. Mas é interessante especular - Carlisle disse numa voz tranqüilizadora.
- É. Simplesmente fascinante.
O leve ronco de Bella começou de novo, acentuando bem o meu sarcasmo.
Aí eles partiram pro papo, rapidamente levando a conversa sobre genética a um ponto em
que as únicas palavras que eu entendia eram os o’s e e’s. E meu próprio nome, é claro. Alice se
juntou, comentando de vez em quando com sua voz bem humorada com a de um pássaro.
Apesar de eles estarem falando sobre mim, eu não tentei entender a que conclusões eles
estavam chegando. Eu tinha outras coisas em minha mente, alguns poucos fatos que eu estava
tentando reconciliar.
Fato um, Bella tinha dito que a coisa era protegida por uma alguma coisa tão forte como
pele de vampiro, uma coisa que era muito impenetrável para as ultra-sons, duras demais para
agulhas. Fato dois, Rosalie disse que eles tinham um plano para dar a luz à criatura em segurança.
Fato três, Edward tinha dito que – em mitos – monstros como esse mastigavam para sair da
própria mãe.
Eu estremeci.
E isso fazia sentido de uma forma doentia, porque, fato quatro, não muitas coisas podiam
cortar algo tão forte quanto a pele dos vampiros. Os dentes da meia criatura – de acordo com o
mito – eram fortes o suficiente.
Meus dentes eram fortes o suficiente.
Era meio difícil ignorar o óbvio, mas com certeza eu gostaria de poder.
Porque eu tinha uma bela idéia de como exatamente Rosalie planejava tirar a coisa lá de
dentro em segurança.

(heloisa santos)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

amanhecer capitulo 14


14 – "VOCÊ SABE QUE AS COISAS VÃO MAL QUANDO VOCÊ SE SENTE CULPADO
POR TER SIDO RUDE COM UM VAMPIRO"
Quando eu voltei para a casa, não havia ninguém do lado de fora esperando notícias
minhas. Ainda em alerta?
Está tudo legal, eu pensei diretamente.
Meus olhos captaram imediatamente uma pequena mudança na cena agora familiar. Havia
uma pilha de tecido em cores claras no último degrau da varanda. Eu me aproximei para
investigar. Segurando a respiração, já que o cheiro de vampiros estava grudado na roupa de
forma inacreditável, eu cutuquei a pilha com o nariz.
Alguém havia emprestado roupas. Huh. Edward devia ter captado o meu momento de
irritação enquanto eu estava na porta. Bom, isso foi legal... e estranho.
Eu peguei as roupas com os dentes cuidadosamente – ugh – e as carreguei até as árvores.
Só pro caso disso ser uma piada daquela loira psicopata e eu tinha um monte de coisas pra
garotas aqui. Mas ela teria adorado dar uma olhada na minha cara de humano enquanto eu fiquei
ali, nu, segurando uma roupa de verão.
Escondido pelas árvores, eu joguei as roupas no chão e me transformei em humano. Eu
balancei as roupas, batendo-as contra uma árvore para tirar um pouco do cheiro delas. Elas
definitivamente eram roupas de homem – calças meio marrons e uma blusa branca de botões.
Nenhuma delas era longa o suficiente, mas parecia que elas iam caber em mim. Deviam ser de
Emmett. Eu rolei os punhos das mangas da camisa, mas não houve muito o que fazer e relação às
calças. Oh, bem.
Eu precisava admitir, eu me sentia melhor usando roupas, mesmo sendo fedorentas e eu
não cabendo muito bem nelas. Era difícil não ser capaz de simplesmente correr até em casa e
pegar outro par de calças de moletom quando eu precisava. A coisa de ‘sem teto’ de novo – não
ter nenhum lugar para o qual voltar. Nada de coisas suas também, o que não estava me
incomodando tanto agora, mas provavelmente ia ficar chato em breve.
Exausto, eu caminhei lentamente até os degraus da varanda dos Cullen nas minhas roupas
chiques de segunda mão mas eu hesitei quando cheguei na porta. Eu batia? Estúpido, já que eles
sabiam que eu estava aqui. Eu me perguntei porque ninguém se dava conta disso – ou me dizia
entre ou se manda. Que seja. Eu ergui os ombros e entrei sem convite.
Mais mudanças. A sala havia voltado ao normal – quase – no últimos vinte minutos. A
grande televisão de tela plana estava ligada, num volume baixo, mostrando alguma coisa
afeminada que ninguém parecia estar assistindo. Carlisle e Esme estavam de pé perto das janelas
do fundo, que estavam abertas para o rio novamente. Alice, Jasper, e Emmett estavam fora de
vista, mas eu os ouvi murmurando no andar de cima. Bella estava no sofá como ontem, com
apenas um tubo ainda plugado nela, e uma intra-venosa pendurada atrás do encosto do sofá. Ela
estava enrolada como um burrito em duas colchas grossas, então pelo menos eles tinham me
ouvido antes. Rosalie estava sentada de pernas cruzadas perto da cabeça dela. Edward estava
sentado na outra ponta do sofá com os pés enrolados de Bella em seu colo. Ele olhou pra cima
quando eu entrei e sorriu pra mim – só uma pequena curva na boca dele – como se alguma coisa
agradasse ele. Bella não me ouviu. Ela apenas olhou pra cima quando ele olhou, e então sorriu
também. Com verdadeira energia, todo o rosto dela se iluminou. Eu não podia lembrar da última
vez quando ela pareceu tão feliz em me ver.
Qual era o problema dela? Pra começo de história, ela era casada! e feliz no casamento
também – não havia dúvidas de que ela estava tão apaixonada por aquele vampiro que
ultrapassava as barreiras da sanidade. E com uma enorme barriga de grávida, ainda por cima.
Então porque ela tinha que estar tão feliz em me ver? Como se eu tivesse melhorado todo o
dia dela só em ter passado pela porta.
Se ela simplesmente não ligasse... Ou mais que isso – se realmente não me quisesse por
perto. Seria muito mais fácil me manter longe.
Edward parecia concordar com os meus pensamentos – ultimamente nós estávamos tanto
na mesma sintonia que era uma loucura. Ele estava fazendo uma careta agora, lendo o rosto dela
enquanto ela se derretia pra mim.
- Eles só querem conversar - eu murmurei com a minha voz se arrastando de exaustão. -
Nada de ataques no horizonte.
- Sim - Edward respondeu. - Eu ouvi a maior parte.
Isso me acordou um pouco. Nós estávamos a uns bons seis quilômetros de distância.
- Como?
- Eu estou te ouvindo com mais clareza – é uma questão de familiaridade e concentração.
Além do mais, seus pensamentos são um pouco mais fáceis de entender quando você está na
forma humana. Então eu ouvi boa parte do que aconteceu fora daqui.
- Oh. - Isso me incomodou um pouco, mas não foi por nenhum motivo especial, então eu
deixei pra lá. - Bom. Eu odeio ficar me repetindo.
- Eu te diria pra ir dormir um pouco - Bella disse - mas eu acho que você vai desmaiar no
chão em cerca de seis segundos, então não há nenhuma necessidade.
Eu estava impressionado de ver o quanto ela parecia melhor, quanto ela parecia mais forte.
Eu senti cheiro de sangue fresco e vi que o copo estava nas mãos dela de novo. Quanto sangue
mais seria necessário para mantê-la bem? Em algum ponto, eles começariam a matar os vizinhos?
Eu caminhei até a porta, contanto os segundos para ela enquanto andava. - Um Mississipi...
dois Mississipi...
- Onde está o incêndio, totó? - Rosalie murmurou.
- Você sabe como afogar uma loira, Rosalie? - Eu perguntei sem parar e sem me virar pra
ela. - Cole um espelho no fundo de uma piscina.
Eu ouvi Edward gargalhar enquanto eu fechava a porta. O humor dela parecia melhorar em
co-relação com a saúde de Bella.
- Eu já ouvi essa antes - Rosalie disse atrás de mim.
Eu degraus escadas abaixo, meu único objetivo era o de chegar até as árvores onde o ar
seria puro novamente. Eu planejava me livrar das roupas a uma distância conveniente da casa
para usá-las no futuro, ao invés de ter que prende-las na minha perna, para que eu também não
precisasse ficar cheirando elas. Eu mexi nos botões da camisa nova, eu pensei vagamente em
como os botões nunca estariam na moda para os vampiros.
Eu ouvi as vozes enquanto andava pelo gramado.
- Onde você vai? - Bella perguntou. - Tem uma coisa que eu esqueci de dizer a ele.
- Deixa Jacob dormir – isso pode esperar.
Sim, por favor, deixe o Jacob dormir.
- Só vai levar um momento.
Eu me virei lentamente. Edward já havia passado pela porta. A expressão dele era de quem
pedia desculpas enquanto ele se aproximava.
- Nossa, o que é agora?
- Me desculpe - ele disse, e então hesitou, como se ele não soubesse como dizer o que
estava pensando.
O que há na sua mente, leitor de mentes?
- Quando você estava falando com os delegados de Sam mais cedo - ele murmurou. - eu
estava tendo uma conversa com Carlisle, Esme e o resto deles. Eles estavam preocupados –
- Olha, não estamos baixando a guarda. Você não precisa acreditar em Sam como nós
acreditamos. Vamos manter os olhos abertos de qualquer maneira.
- Não, não, Jacob. Não sobre isso. Nós confiamos no seu julgamento. Apesar disso, Esme
está preocupada com as dificuldades que isso está fazendo seu bando passar. Ela me pediu pra
falar em particular sobre isso com você.
Isso me pegou de surpresa. - Dificuldades?
- A parte de estar sem teto, particularmente. Ela está muito aborrecida por você estar tão...
desprovido.
Eu bufei. A mãe pássaro dos vampiros – bizarro. - Somos durões. Diga que ela não se
preocupe.
- Ela ainda gostaria de fazer o que puder. Eu tenho a impressão de que Leah gostaria de não
comer em sua forma de loba?
- E? - Eu quis saber.
- Bem, nós temos comida normal de humanos aqui, Jacob. Pra manter as aparências, e é
claro, por Bella. Leah será bem vinda para o que ela quiser. Todos vocês serão.
- Eu vou dizer a eles.
- Leah nos odeia.
- Então?
- Então tente dizer de uma forma que faça ela considerar a idéia, se você não se importar.
- Eu farei o que puder.
- E há o problema das roupas.
Eu olhei para as que eu estava vestindo. - Oh sim. Obrigado. - Provavelmente não seria
educado mencionar o quanto elas fediam.
Ele sorriu, só um pouco. - Bem, seremos facilmente capazes de ajudar com qualquer
necessidade aqui. Alice raramente permite que a gente use a mesma coisa duas vezes. Temos
pilhas de roupas novinhas que estão abandonadas ao relento, e eu imagino que Leah tem
praticamente o tamanho de Esme...
- Não sei exatamente como ela se sente em relação às roupas de segunda mão de
sugadores de sangue. Ela não é tão pratica quanto eu.
- Eu confio que você vai apresentar a proposta da melhor maneira. Assim como a oferta de
qualquer outra coisa material que vocês precisem, ou transporte, ou qualquer outra coisa. Por
favor... não pense que não temos os mesmos benefícios de um lar.
Ele disse essa última frase suavemente – não tentando ficar calmo dessa vez, mas com
alguma emoção verdadeira.
Eu o encarei por um segundo, piscando sonolento. - Isso é, er, legal da sua parte. Diga a
Esme que apreciamos o, er, pensamento. Mas o perímetro passa pelo rio em alguns lugares, então
nós nos mantemos limpinhos, obrigado.
- Seria bom fazer a oferta, mesmo assim.
- Claro, claro.
- Obrigado.
Eu dei as costas pra ele, apenas para ficar congelado quando ouví o baixo gemido de dor
que vinha de dentro da casa. Quando eu virei de novo, ele já tinha desaparecido
O que foi agora?
Eu fui atrás dele, me arrastando feito um zumbí. E usando mais ou menos a mesma
quantidade de células também. Eu não parecia ter escolha. Alguma coisa estava errada. Eu ia ver
o que era. Não haveria nada que eu pudesse fazer. E eu ia me sentir pior
Parecia inevitável.
Eu me deixei entrar novamente. Bella estava ofegante, curvada sobre a inchação no centro
do seu corpo. Rosalie estava segurando-a enquanto Edward, Carlisle e Esme continuavam
estáticos. Uma pontada de movimento chamou minha atenção; Alice estava no topo da escada,
olhando para a sala com as mãos pressionando as têmporas. Era estranho – como se a entrada
dela tivesse sido barrada em algum lugar.
- Me dê um segundo, Carlisle - Bella ofegou.
- Bella - o médico disse ansiosamente - eu ouvi alguma coisa se partindo. Eu preciso dar
uma olhada.
- Eu tenho certeza – respira – que foi a costela. Ow. É. bem aqui. - Ela apontou para o lado
esquerdo, com cuidado para não tocar.
Agora estava quebrando os ossos dela.
- Eu preciso fazer um raio-X. Pode ter partículas. Não queremos que elas perfurem nada.
Bella respirou fundo. - Okay.
Rosalie levantou Bella cuidadosamente. Edward parecia prestes a discutir, mas Rosalie
mostrou os dentes pra ele e rosnou, - Eu já peguei ela.
Então agora Bella estava mais forte, mas a coisa também estava. Não se podia passar fome
sem fazer o outro passar fome também, e se curar acabava sendo assim também. Não tinha como
vencer.
A loira carregou Bella rapidamente escada acima com Carlisle e Edward em seus
calcanhares, nenhum deles reparando que eu estava parado feito um boboca na porta de entrada.
Então eles tinham um bando de sangue e um raio-X? Eu acho que o doutor trouxe trabalho
pra casa.
Eu estava cansado demais para segui-los, cansado demais para me mover. Eu me encostei
na parede e deslizei até o chão. A porta ainda estava aberta, e eu apontei meu nariz em sua
direção, agradecido pela brisa limpa passando por ela. Eu encostei minha cabeça no aparador e
fiquei escutando.
Eu podia ouvir a máquina de raio-X lá em cima. Ou pelo menos eu presumi que fosse isso. E
então os passos mais leves descendo as escadas. Eu não olhei pra cima para ver que vampiro era.
- Você quer um travesseiro? - Alice me perguntou.
- Não - eu murmurei. Pra que essa hospitalidade forçada? Isso estava me assustando.
- Isso não parece confortável - ela observou.
- Não é.
- Então porque você não sai daí?
- To cansado. Porque você não vai lá pra cima com os outros? - Eu rebati.
- Dor de cabeça - ela respondeu.
Eu rolei minha cabeça pro lado para olhar pra ela.
Alice era uma coisa pequenininha. Mais ou menos do tamanho dos meus braços.
Ela parecia ainda menor agora, meio curvada sobre si mesma. Seu pequeno rosto estava
contraído.
- Vampiros têm dor de cabeça?
- Não os vampiros normais.
Eu bufei. Vampiros normais.
- Então porque você nunca mais está com a Bella? - Eu perguntei, transformando a pergunta
em acusação. Eu não tinha pensado nisso antes, porque a minha cabeça esteve cheia de outras
besteiras, mas era estranho que Alice nunca estava perto de Bella, não desde que eu estava aqui.
Talvez se Alice estivesse ao lado dela, Rosalie não estivesse. - Eu pensei que vocês duas fossem
assim. - Eu juntei meus dois dedos e os torci.
- Como eu disse – ela se curvou nos azulejos a alguns metros de mim, passando os braços
magrinhos pelos joelhos magrinhos – dor de cabeça.
- Bella está te dando dor de cabeça?
- Sim.
Eu fiz uma careta. Eu certamente estava cansado demais pra charadas. Eu deixei minha
cabeça rolar de volta para o ar fresco e fechei os olhos.
- Não Bella, na verdade - ela emendou. - O... feto.
Ah, mais alguém se sentia como eu. Era bem fácil reconhecer. Ela dizia a palavra com asco,
do jeito que Edward dizia.
- Eu não entendo - ela me disse, apesar de que ela devia estar pensando consigo mesma.
Pelo que ela sabia, eu já estava dormindo. - Eu não dou nada por ele. Assim como você.
Eu enrijeci, e então apertei os dentes. Eu não gostava de ser comparado à criatura.
- Bella está no caminho. Ela está ao redor da coisa, então ela está... confusa. Como uma
televisão com recepção ruim – é como tentar concentrar os olhos naquelas pessoas meio tortas se
mexendo na tela. Ver ela está matando a minha cabeça. E de qualquer forma, eu não vejo muito
futuro. O... feto é uma parte muito grande do futuro dela. Quando ela decidiu no início... quando
ela soube que o queria, ela desapareceu das minhas visões. Isso me assustou demais.
Ela ficou quieta por um segundo, e depois completou, - Eu tenho que admitir, é um alívio ter
você por perto – a despeito do cheiro de cachorro molhado. Tudo vai embora. É como ter os olhos
fechados. Isso alivia a dor de cabeça.
- Eu estou feliz em poder servi-la, madame. - Eu murmurei.
- Eu me pergunto o que ele tem em comum com você... porque nesse sentido vocês dois
são iguais.
Um calor repentino se concentrou no centro dos meus ossos. Eu prendi meus punhos para
controlar os tremores.
- Eu não tenho nada em comum com aquele sugador de vidas - eu disse através dos dentes.
- Bem, tem alguma coisa aí.
Eu não respondi. O calor já estava desaparecendo. Eu estava cansado demais pra ficar
furioso.
- Você não se importa se eu ficar sentada aqui do seu lado, se importa? - Ela perguntou.
- Acho que não. Fede do mesmo jeito.
- Obrigada - ela disse. - Eu acho que é o melhor pra isso, eu acho, já que eu não posso
tomar aspirina.
- Dá pra ficar quieta? To dormindo aqui.
Ela não respondeu, ficando em silêncio imediatamente. Eu caí no sono em segundos.
Eu estava sonhando que estava com muita sede. E havia um grande copo de água na minha
frente – todo frio, dava pra notar por causa da condensação saindo pelos lados. Eu peguei o copo
e dei um gole enorme, só pra descobrir muito rapidamente que não era água – era água sanitária.
Eu tossi pra fora, cuspindo em tudo que é lugar, e saiu um monte pelo meu nariz. Queimou. Meu
nariz estava pegando fogo.
A dor no nariz me acordou o suficiente pra me fazer lembrar do lugar onde eu tinha
dormido. O cheiro era muito penetrante, considerando que meu nariz não estava de fato dentro da
casa. Ugh. E era barulhento. Alguém estava rindo alto demais. Uma risada familiar, mas uma que
não combinava com o cheiro. Não combinava.
Eu gemi e abri os olhos. Os céus estavam num tom cinzento – era dia, mas não havia nenhuma
dica da hora. Talvez estivesse perto do pôr do sol – estava bem escuro.
- Estava na hora - Loirinha murmurou, não muito longe. - O barulho de serra elétrica estava
ficando meio cansativo.
Eu rolei e me sentei. No processo eu descobri de onde o cheiro estava vindo. Alguém tinha
enfiado um grande travesseiro de penas embaixo do meu rosto. Provavelmente tentando ser
gentil, eu acho. A não ser que tenha sido Rosalie.
Quando o meu rosto estava longe das penas fedorentas, eu senti outros cheiros. Como
bacon e canela, todos misturados com o cheiro de vampiros.
Eu pisquei, observando a sala.
As coisas não haviam mudado muito, exceto que agora Bella estava sentada no meio do
sofá, e a intra-venosa tinha desaparecido. Loirinha estava sentada aos pés dela, a cabeça dela
descansando nos joelhos de Bella. Ainda me dava arrepios ver como eles a tocavam casualmente,
apesar de eu achar que isso era uma burrice, considerando todas as coisas. Edward estava ao lado
dela, segurando sua mão. Alice também estava no chão, como Rosalie. Agora o rosto dela não
estava contraído. E era fácil ver porque – ela achou outra coisa pra aliviar a dor de cabeça.
- Hey, Jake está acordando! - Seth disse.
Ele estava sentado do outro lado de Bella, seu braço jogado descuidadamente sobre o
ombro dela, um prato transbordando de comida no colo.
Que diabos?
- Ele veio te encontrar - Edward disse enquanto eu ficava de pé. - E Esme o convenceu a
ficar para o café da manhã.
Seth observou minha expressão, e se apressou em explicar.
- É, Jake – eu só estava checando se você estava bem, porque você não se transformou
mais. Leah ficou preocupada. Eu disse a ela que você provavelmente tinha caído no sono como
humano, mas você sabe como ela é. De qualquer forma, eles tinham essa comida e, ora – ele se
virou pra Edward – cara, você sabe cozinhar.
- Obrigado - Edward murmurou.
Eu inalei lentamente, tentando soltar a pressão nos meus dentes. Eu não conseguia tirar os
olhos do braço de Seth.
- Bella ficou com frio - Edward disse baixo.
Certo. De qualquer forma, não era da minha conta. Ela não pertencia a mim.
Seth ouviu o comentário de Edward, olhou pro meu rosto, e de repente ele precisou das duas
mãos pra comer. Ele tirou o braço de Bella e começou a comer. Eu caminhei pra ficar a alguns
metros do sofá, ainda tentando me concentrar.
- Leah está fazendo a patrulha? - Eu perguntei a Seth. Minha voz ainda estava grossa do
sono.
- Sim - ele disse enquanto mastigava. Seth estava usando roupas novas também. Elas
cabiam melhor nele do que em mim. - Ela está cuidando de tudo. Sem preocupação. Ela vai uivar
se houver alguma coisa. Nós trocamos mais ou menos meia noite. Eu corri doze horas. - Ele
estava orgulhoso disso, e dava pra notar pelo tom dele.
- Meia noite? Espere um minuto - que horas são?
- Quase amanhecendo. - Ele olhou em direção à janela, checando.
Bem, maldição. eu dormi o resto do dia e a noite inteira – desmaiei. - Merda. Desculpa por
isso, Seth. Você devia ter me chutado até que eu acordasse.
- Não, cara, você precisava dormir demais. Você não tirava uma folga desde quando? A noite
anterior à sua última patrulha para Sam? Tipo, quarenta horas? Cinqüenta? Você não é uma
máquina, Jake. Além do mais, você não fez falta nenhuma.
Nenhuma? Eu olhei rapidamente para Bella. A cor dela estava de volta do jeito que eu
lembrava. Pálida, mas com um fundo rosado. Até o cabelo dela parecia melhor – mais brilhante.
Ela viu minha observação e sorriu pra mim.
- Como está a costela? - Eu perguntei.
- Presa no lugar com força. Eu nem sinto.
Eu revirei os olhos. Eu ouvi Edward apertando os dentes, e me dei conta que a atitude ‘deixa
isso pra lá’ dela irritava ele tanto quanto a mim.
- O que tem pro café da manhã? - Eu perguntei, meio sarcástico. - O negativo ou AB
positivo?
Ela deu língua pra mim. Ela estava totalmente de volta. - Omeletes - ela disse, mas os olhos
dela olharam pra baixo, e eu vi que o copo de sangue estava preso entre a perna dela e a de
Edward.
- Vá comer alguma coisa, Jake - Seth disse. - Tem um monte de coisa na cozinha. Você deve
estar faminto.
Eu examinei a comida no colo dele. Parecia ser a metade de um omelete de queijo e a
última parte de um rolo de canela gigante. Meu estômago roncou, mas eu o ignorei.
- O que Leah está comendo no café da manhã? - Eu perguntei criticamente a Seth.
- Hey, eu levei a comida pra ela antes de comer qualquer coisa - ele se defendeu. - Ela disse
que preferia comer alguma coisa que morreu na estrada, mas eu aposto que ela se arrependeu.
Esses rolos de canela... - Ele pareceu não encontrar as palavras.
- Então eu vou caçar com ela.
Seth suspirou enquanto se virava pra ir embora.
- Um momento, Jacob?
Era Carlisle chamando, então eu me virei novamente, meu rosto provavelmente estava
menos desrespeitoso do que estaria se outra pessoa tivesse me parado.
- Sim?
Carlisle se aproximou de mim enquanto Esme ia para a outra sala. Ele parou a alguns metros
de distância, apenas um pouco mais distantes do que o espaço normal entre dois humanos
conversando. Eu gostei dele ter me dado espaço.
- Falando de caçar - ele começou num tom sombrio. - Isso vai ser um problema para a
minha família. Eu entendo que a nossa trégua antiga está não está em operação nesse momento
então eu decidi pedir seu conselho. Sam estará nos caçando fora dos perímetros que vocês
criaram? Nós não queremos dar nenhuma chance de machucarem a nossa família – ou perder um
dos nossos. Se você estivesse em nosso lugar, como iria proceder?
Eu me afastei, um pouco surpreso, quando ele me deu a ver de falar daquele jeito. O que eu
podia saber sobre ser um sugador de sangue que usava sapatos caros?
Mas também, eu conhecia Sam.
- É um risco - tentando ignorar os outros olhos que eu sentia em mim e falar só pra ele. -
Sam se acalmou um pouco, mas eu tenho certeza que na mente dele, o trato significa nada.
Enquanto ele achar que a tribo, ou qualquer outro humano, está em perigo real, ele não vai fazer
perguntas antes, se é que você sabe o que eu quero dizer. Mas, com tudo isso, a prioridade dele
será La Push. Realmente eles não são um número suficiente para cuidar decentemente das
pessoas e fazer caçadas grandes o suficiente para causar dano. Eu aposto que ele vai ficar perto
de casa.
Carlisle balançou a cabeça, pensativo.
- Então eu acho que eu diria, saiam todos juntos, só por via das dúvidas. E provavelmente
vocês devam ir de dia, porque nós estaríamos esperando a noite. Coisas tradicionais de vampiros.
Vocês são rápidos – vão para as montanhas e façam a caçada longe o suficiente para que não
haja uma chance dele mandar alguém pra tão longe de casa.
- E deixar Bella pra trás, desprotegida?
Eu bufei. - E nós somos o que, um fígado desmembrado?
Carlisle riu, e então o rosto dele ficou sério de novo. - Jacob, você não pode lutar com os
seus irmãos.
Meus olhos se estreitaram. - Eu não estou dizendo que isso não seria difícil, mas se eles
realmente viessem mata-la – eu seria capaz de parar eles.
Carlisle balançou a cabeça, ansioso. - Não, eu não quis dizer que você seria... incapaz. Mas
que seria muito errado. E eu não posso ter isso em minha consciência.
- Não seria na sua, Doutor. Seria na minha. E eu posso agüentar.
- Não, Jacob. Nós tomaremos as precauções para que nossas ações não façam com que haja
essa necessidade. - Ele fez uma cara pensativa. - Nós iremos três de cada vez - ele decidiu depois
de um segundo. - Isso provavelmente é o melhor que podemos fazer.
- Eu não sei, Doutor. Se dividir no meio não é a melhor estratégia.
- Nós temos algumas habilidades extras que irão nos igualar. Se Edward for um dos três, ele
será capaz de nós dar alguns quilômetros de segurança.
Nós dois olhamos para Edward. A expressão dele fez Carlisle mudar de idéia rapidamente.
- Eu tenho certeza que existem outras maneiras também - Carlisle disse.
Claramente, não havia nenhuma necessidade física forte o suficiente para afastar Edward de
Bella agora. - Alice, eu imagino que você possa ver quais rotas poderiam ser um erro?
- As que desaparecem - Alice disse, balançando a cabeça. - Fácil.
Edward, que tinha ficado todo tenso com o plano inicial de Carlisle, se tranqüilizou. Bella
estava olhando pouco feliz para Alice, aquela ruginha que aparecia entre os olhos quando ela se
estressava apareceu.
- Tudo bem, então. - Eu disse. - Isso está arranjado. Eu vou indo. Seth, eu espero que você
esteja de volta ao anoitecer, então tire uma soneca aqui em algum lugar, tudo bem?
- Claro, Jake. Eu vou me transformar assim que eu terminar. A não ser... - Ele hesitou,
olhando pra Bella. - Você precisa de mim?
- Ela tem cobertores. - Eu rebati pra ele.
- Eu estou bem, Seth, obrigada - Bella disse rapidamente.
E então Esme apareceu novamente na sala, um grande prato coberto nas mãos. Ela parou
hesitantemente logo atrás do cotovelo de Carlisle, seus grandes olhos dourados no meu rosto. Ele
ergueu o prato e deu outro passo tímido para a frente.
- Jacob - ela disse baixinho. A voz dela não era tão penetrante quanto as dos outros. - Eu sei
que... não é apetitosa pra você, a idéia de comer aqui, onde o cheiro é tão desagradável. Mas eu
me sentiria muito melhor se você levasse um pouco de comida com você quando você se for. Eu
sei que você não pode voltar pra casa, e isso é por nossa causa. Por favor – alivie um pouco do
meu remorso. Leve algo para comer. - Ela segurou a comida pra mim, seu rosto suave e
implorativo. Eu não sei como ela fazia isso, porque ela não aparentava ter mais de uns vinte e
poucos, e ela também era pálida feito osso, mas alguma coisa na expressão dela me fez lembrar
da minha mãe.
Nossa.
- Uh, claro, claro - eu murmurei. - Eu acho. Talvez Leah ainda esteja com fome ou algo
assim.
Eu me inclinei e peguei a comida com uma mão, segurando-o longe, a um braço de
distância. Eu ia joga-lo embaixo de uma árvore ou algo assim. Eu não queria que ela se sentisse
mal.
Então eu lembrei de Edward.
Não diga nada a ela! deixe ela pensar que eu comi.
Eu não olhei pra ele pra ver se ele estava de acordo. Era melhor que ele estivesse de
acordo. O sugador de sangue estava me devendo.
- Obrigada, Jacob - Esme disse, sorrindo pra mim. Como um rosto de pedra tinha covinhas
nas bochechas, pra começo de história?
- Um, obrigado você - eu disse. Meu rosto ficou quente – mais quente que o normal.
Esse era o problema de andar por aí com vampiros – você se acostumava com eles. Eles
começavam a mexer com a sua forma de ver o mundo. Ele começavam a parecer nossos amigos.
- Você vai voltar mais tarde, Jake? - Bella perguntou enquanto eu tentava fugir.
- Uh, eu não sei.
Ela apertou os lábios, como se estivesse tentando não sorrir. - Por favor? Eu posso ficar com
frio.
Eu inalei profundamente pelo meu nariz, e então me dei conta, tarde demais, que essa não
foi uma boa idéia. Eu gemi. - Talvez.
- Jacob? - Esme perguntou. Eu fui andando de costas até a porta enquanto ela continuava;
ela deu alguns passos me seguindo. - Eu deixei uma cesta de roupas na varanda. Elas são para
Leah. Elas foram lavadas – eu tentei tocar nelas o mínimo possível. - Ela fez uma careta. - Você se
importaria em levar para ela?
- Farei isso - eu murmurei, e então sai pela porta antes que mais alguém me obrigasse a
fazer alguma coisa por culpa.

(heloisa santos)