Eu estava quase dormindo.
O sol havia saído por trás das nuvens há uma hora atrás – a floresta estava cinza agora, ao
invés de escura. Seth tinha se enrolado e desmaiado por volta de 1 hora, e eu o acordei de
madrugada para a troca. Mesmo depois de correr a noite toda, eu estava lutando para fazer meu
cérebro se calar o bastante para poder dormir, mas o ritmo da corrida de Seth estava ajudando.
Uma, dois-três, quatro, um, dois-três, quatro – dum, dum, dum, dum – estúpida pancada de pata
contra a terra úmida, repetidamente enquanto ele fazia o longo circuito por volta da terra dos
Cullen. Nós já estávamos deixando pegadas no chão. Os pensamentos de Seth estavam vazios,
apenas uma mancha verde e cinza quando o mato voava para cima dele.
Estava tranqüilo. Isso ajudou a encher minha mente com as coisas que ele via, ao invés de
deixar minhas próprias imagens tomarem conta.
E então o perfurante uivo de Seth quebrou o silêncio da manhã.
Eu me inclinei do chão, minhas patas dianteiras se arrastando rapidamente, antes de minhas
patas traseiras saírem do chão. Eu corri ao lugar em que Seth estava congelado, ouvindo com ele
os passos de patas vindo em nossa direção.
Bom dia, garotos.
Um choro abalado se quebrou através dos dentes de Seth. E então nós dois rangemos os
dentes conforme ouvíamos os novos pensamentos.
Oh, cara! Vá embora, Leah! Seth rugiu.
Eu parei quando cheguei até Seth, cabeça para trás, pronto para uivar novamente – desta
vez para reclamar.
Pare o barulho, Seth.
Certo! Ugh! Ugh! Ugh! Ele choramingou e bateu no chão, raspando dobra na sujeira.
Leah apareceu, seu pequeno corpo cinza mostrando-se através dos arbustos.
Pare de choramingar, Seth. Você é só um bebê.
Eu rosnei para ela, minhas orelhas achatadas contra minha cabeça. Ela saltou um passo para
trás automaticamente.
O que pensa que está fazendo, Leah?
Ela bufou um suspiro pesado. É muito óbvio, não é? Eu estou entrando na porcaria do seu
pequeno e renegado bando. Os cães de guarda dos vampiros. Ela latiu uma baixa e sarcástica
risada.
Não, você não está. Volte antes que eu arranque um de seus tendões.
Como se você pudesse me pegar. Ela riu e se abaixou para correr. Quer competir, ó corajoso
líder?
Eu respirei fundo, enchendo meus pulmões até que meus lados se destacassem. Então
quando tive certeza de que não iria gritar, soltei o ar com um sopro forte.
Seth, vá contar aos Cullen que é somente sua estúpida irmã – Eu pensei nas palavras o mais
cruelmente possível. Eu cuido disso.
É pra já! Seth era o único feliz demais para partir. Ele desapareceu em direção à casa.
Leah lamentou, e o olhou. O pêlo em seus ombros levantando. Você está deixando-o ir até
os vampiros sozinho?
Estou certo de que ele preferia que eles o levassem do que passar mais um minuto aqui com
você.
Cala a boca, Jacob. Oops, me desculpe – quero dizer, cala a boca, maior poderoso Alfa.
Por que diabos você está aqui?
Você acha que vou ficar sentada em casa enquanto meu irmãozinho se é voluntário como
brinquedo de mastigar dos vampiros?
Seth não quer ou precisa de sua proteção. Na verdade, ninguém te quer aqui.
Ohhh, ai, isso vai deixar uma grande marca. Ha,ela latiu. Diga quem me quer por perto, e eu
partirei.
Então isso não tem nada a ver com Seth, tem?
Lógico que tem. Estou apenas apontando que ser indesejada não é um princípio pra mim.
Não é um fator motivador, se você entende o que quero dizer.
Eu cerrei os dentes e tentei pensar direito.
Sam te mandou?
Se eu estivesse aqui em missão de Sam, você não estaria disposto a me ouvir. Minha aliança
está longe de ser com ele.
Eu escutei cuidadosamente aos pensamentos misturados as palavras. Se isso fosse uma
distração ou um truque, eu teria que ser alerto o suficiente para enxergá-los. Mas não havia nada.
Sua declaração não era nada, senão a verdade. Relutante, quase desesperadora verdade.
Você é leal a mim agora? Eu perguntei com profundo sarcasmo. Uh-huh. Certo.
Minhas escolhas são limitadas. Estou trabalhando com as opções que tenho. Confie em mim, não
estou gostando disso mais que você.
Isso não era verdade. Tinha um irritável tipo de excitamento na mente dela. Ela não estava
contente com isso, mas ela também estava montando em alguma estranha altura. Eu procurei sua
mente, tentando entender.
Ela se enfureceu, ofendendo-se pela invasão. Eu normalmente tentava direcionar Leah – eu
nunca tentei achar lógica nela antes.
Nós fomos interrompidos por Seth, pensando em sua explicação de Edward. Leah
resmungou ansiosamente. O rosto de Edward, formado na mesma janela da noite passada, não
mostrou reação às novidades. Era um rosto vazio, sem vida.
Wow, ele parece mal. Seth murmurou para si mesmo. O vampiro não mostrou reação àquele
pensamento também. Ele desapareceu pela casa. Seth se posicionou e voltou para onde
estávamos. Leah relaxou um pouco.
O que está acontecendo? Leah perguntou. Me alcance para correr.
Não há desculpas. Você não vai ficar.
Na verdade, Sr. Alfa, eu vou. Porque desde que aparentemente eu tenho que pertencer a
alguém – e não pense que eu não tenha tentado partir sozinha, você bem sabe por si mesmo que
isso não funciona. – eu escolho você.
Leah, você não gosta de mim. Eu não gosto de você.
Obrigada, Capitão Óbvio. Isso não importa para mim. Eu estou com Seth.
Você não gosta de vampiros. Não acha que é um pequeno conflito de interesses bem ali?
Você também não gosta de vampiros.
Mas eu estou comprometido à esta aliança. Você não.
Eu manterei distância deles. Eu posso fazer rondas por aqui, da mesma forma que Seth.
E eu deveria acreditar nisso?
Ela esticou seu pescoço, se inclinando até os dedos dos pés, tentando ser tão alta quanto eu
para me olhar nos olhos. Eu não trairei meu bando.
Eu queria inclinar a cabeça e uivar, como Seth havia feito antes. Este não é o seu bando!
Isto nem mesmo é um bando! Este só sou eu, apodrecendo sozinho! O que vocês têm,
Clearwatters? Por que não me deixam sozinho?
Seth, aparecendo por trás de nós agora, choramingou; Eu o ofendi. Ótimo.
Eu tenho sido prestativo, não tenho, Jake?
Você não fez mais do que se chatear, garoto, mas se você e Leah são um pacote – se a
única maneira de me livrar dela é te mandar pra casa... Bem, você pode me culpar por querer que
você vá?
Ugh, Leah, você destruiu tudo!
Sim, eu sei, ela disse a ele, e o pensamento estava carregado com o peso de seu desespero.
Eu senti a dor nas três pequenas palavras, e era mais do que eu poderia adivinhar. Eu não
queria sentir isso. Eu não queria me sentir mal por ela. Claro, o bando era duro com ela, mas ela
trouxe tudo isso com a amargura que a manchou a cada pensamento, e fez sua mente ser um
pesadelo.
Seth estava se sentindo culpado também. Jake... você não vai mesmo me mandar embora,
vai? Leah não é má. Sério. Quero dizer, com ela aqui nós podemos pressionar o perímetro por
mais tempo. E isso coloca Sam abaixo de sete. Não há maneira de ele montar um ataque com
número maior. É provavelmente uma coisa boa...
Sabe, eu não quero liderar um bando, Seth.
Então não nos lidere. Leah ofereceu.
Eu bufei. Parece perfeito pra mim. Vão pra casa agora.
Jake. Seth pensou. Eu pertenço aqui. Eu gosto de vampiros. Dos Cullen. Eles são pessoas
para mim, e eu os protegerei, porque é isso que nós deveríamos fazer.
Talvez você pertença, garoto, mas sua irmã não. E ela irá para o lugar que você estiver...
Eu parei brevemente, porque vi alguma coisa quando disse isso. Algo que Leah estava
tentando não pensar a respeito. Leah não ia para lugar algum.
Pensei que isso era sobre Seth, eu pensei de mal humor.
Ela hesitou. Claro que estou aqui por Seth.
E para ficar longe de Sam.
Seus dentes trincaram. Eu não tenho que me explicar para você. Só tenho que fazer o que
me disseram. Eu pertenço ao seu bando. Fim.
Eu andei para longe dela, rosnando.
Merda. Eu nunca iria me livrar dela. O tanto que ela não gostava de mim, o tanto que ela
detestava os Cullen, o tanto que ela ficaria feliz ao matar todos os vampiros agora, o quanto ela
estava irritada por ter de protegê-los ao invés disso – tudo isso não era nada comparado no
quanto ela se sentia livre de Sam.
Leah não gostava de mim, então não era uma tarefa desejar que ela desaparecesse.
Ela amava Sam. Ainda. E tendo o desejo dele de que ela desaparecesse, era mais doloroso do que
ter vontade de viver com ele, agora que ela tinha uma escolha. Ela teria escolhido qualquer outra
opção. Mesmo se isso significasse se mudar com os Cullen, como seu cãozinho.
Eu não sei se iria tão longe, ela pensou. Ela tentou fazer as palavras soares duras,
agressivas, mas tinham grandes confusões em sua declaração. Tenho certeza que eu me mataria
por algumas tentativas antes...
Olhe, Leah...
Não, você olhe, Jacob. Pare de argumentar comigo, porque isso não fará bem algum. Eu
ficarei longe de seu caminho, ok? Eu farei qualquer coisa que você quiser. Exceto voltar ao bando
de Sam e ser a patética ex-namorada de Sam, a qual ele não consegue ficar longe. Se você quiser
que eu vá... – ela sentou e olhou em meus olhos –você terá que me fazer ir.
Eu resmunguei por um longo, raivoso minuto. Estava começando a sentir alguma simpatia
por Sam, a despeito do que ele tinha feito comigo, com Seth. Sem perguntar se ele estava sempre
ordenando o bando por aí. De que outro jeito você teria feito qualquer outra coisa?
Seth, você ficará bravo comigo se eu matar sua irmã?
Ele fingiu pensar por um minuto. Bem... sim, provavelmente.
Eu suspirei.
Ok então, senhora faço-tudo-que-você-quiser. Porque você não faz algo de útil, e nos conta
tudo o que sabe? O que aconteceu depois que nós partimos noite passada?
Muitos uivos. Mas você provavelmente ouviu esta parte. Eram tão altos que nos levou tempo
para descobrir que não podíamos ouvir nenhum de vocês mais. Sam estava...
As palavras falharam, mas nós podíamos ver em sua mente. Eu e Seth nos encolhemos.
Depois disso, ficou bem claro que nós teríamos de repensar as coisas. Sam estava
planejando falar com o outro ancião a primeira coisa esta manhã. Nós deveríamos nos encontrar,
e descobrir um plano de jogo. Eu poderia dizer que ele não estava montando um novo ataque
agora mesmo, pelo menos. Suicídio neste ponto, com você e Seth fugidos e os sugadores de
sangue prevenidos. Não estou certa sobre o que eles farão, mas eu não ficaria perambulando pela
floresta sozinha, se fosse um parasita. É estação de caça nos vampiros agora.
Você decidiu fugir do encontro esta manhã? eu perguntei.
Quando nós fracassamos na ronda a noite passada, eu pedi permissão para ir para casa, e
contar a minha mãe o que tinha acontecido.
Merda, você contou a mamãe? Seth rosnou.
Seth, segure essa coisa de irmãos por um segundo. Continue, Leah.
Então, uma vez humana, eu tirei um minuto para pensar nas coisas. Bem, na verdade eu
tirei a noite toda. Aposto que os outros pensaram que eu adormeci. Mas toda a coisa de doisbandos-
separados, dois-bandos-de-mentes-separadas, me deu muito o que filtrar. No fim, eu
decidi pela segurança de Seth e, em, os outros benefícios contra a idéia de virar traidora, e cheirar
fedor de vampiro por quem sabe quanto tempo. Você sabe o que decidi. Deixei um bilhete para
minha mãe. Espero que nós ouçamos quando Sam descobrir...
Leah inclinou seu ouvido para o oeste.
É, eu espero que sim, concordei.
Ela e Seth me olharam esperançosamente.
Este era o tipo de coisa que eu não queria ter que fazer.
Acho que nós temos que ficar de olho por agora. Isso é tudo que podemos fazer. Você
provavelmente deveria tirar um cochilo, Leah.
Você dormiu tanto quanto eu.
Pensei que fosse fazer o que lhe disserem para fazer?
Certo. Isso vai ser longo, ela resmungou e bocejou. Bem, tanto faz. Eu não ligo.
Eu fico na fronteira, Jake. Não estou nem um pouco cansado. Seth estava tão feliz que eu
não tinha os forçado a ir pra casa, ele estava pulando de alegria.
Claro, claro. Eu estou indo checar com os Cullen.
Seth se retirou sob o novo percurso gasto pela terra úmida. Leah o observou
pensativamente.
Talvez uma volta ou duas antes de eu bater... Hey Seth, quer ver quantas vezes eu consigo
te lamber?
NÃO!
Latindo baixas risadas, Leah disparou na floresta atrás dele.
Eu rosnei em vão. Muito por paz e tranqüilidade.
Leah estava tentando – por Leah. Ela manteve seus zumbidos baixos enquanto corria pelo
caminho, mas era impossível não notar seu humor satisfeito. Eu pensei em todas as “duas
companhias” falando. Eu não apliquei realmente, porque uma era abundante em minha mente.
Mas se tinha que ser três de nós, era difícil pensar em alguém para quem eu não a comercializaria.
Paul? ela sugeriu.
Talvez, eu permiti.
Ela riu para si mesma, tensa demais para se sentir ofendida. Eu me perguntei quanto tempo
duraria o cochicho de se esquivar da piedade de Sam.
Isso será minha vitória, então – ser menos irritante do que Paul.
Sim, trabalhe nisso.
Eu mudei para minha outra forma quando estava a poucos metros do gramado. Eu não tinha
planejado passar tanto tempo como humano aqui. Mas eu não tinha planejado ter Leah em minha
mente também. Eu puxei meu short áspero, e comecei a atravessar o gramado.
A porta se abriu antes de eu chegar até lá, e fiquei surpreso ao ver Carlisle ao invés de
Edward andando ao lado de fora para me encontrar – seu rosto parecia exausto e derrotado. Por
um momento, meu coração congelou. Eu hesitei ao parar, incapaz de falar.
- Você está bem, Jacob? - Carlisle perguntou.
- Bella está? - eu sufoquei.
- Ela está... como na noite passada. Eu te assustei? Me desculpe. Edward disse que você
estava vindo em sua forma humana, e eu vim para lhe receber, já que ele não quis deixá-la. Ela
está acordada.
- E Edward não quis perder tempo com ela, porque ele não tem muito tempo a perder. -
Carlisle não quis dizer as palavras em voz alta, mas talvez ele também tivesse.
Já tinha passado um tempo desde que eu adormeci – desde antes da minha última ronda.
Eu realmente poderia sentir isso agora. Eu segui em frente, sentei na varanda, e caí sob o
corrimão.
Se movendo suavemente e silenciosamente como somente um vampiro poderia fazer,
Carlisle se sentou no mesmo lugar, encostando-se ao outro corrimão.
- Eu não tive a chance de te agradecer a noite passada, Jacob. Você não sabe o quanto eu
aprecio sua... compaixão. Sei que seu objetivo era proteger a Bella, mas eu devo a você a
segurança do resto de minha família também. Edward me disse o que você teve que fazer...
- Não mencione isso - eu murmurei.
- Se você prefere.
Nós sentamos em silêncio. Eu podia ouvir os outros dentro de casa. Emmett, Alice e Jasper,
falando em vozes baixas e sérias no andar de cima. Esme sussurrando desafinada em outro
quarto. Rosalie e Edward respirando próximos a – eu não poderia dizer qual era qual, mas eu
podia ouvir a diferença no esforço de Bella ofegando. Eu podia ouvir seu coração também. Ele
parecia... irregular.
Era como se o destino me mandasse fazer tudo eu sempre jurei que não faria no curso de
24 horas. Aqui estava eu, de bobeira, esperando-a morrer.
Eu não queria ouvir mais. Falar era melhor do que ouvir.
- Ela é família para você? - perguntei a Carlisle. Eu tinha notado isso antes, quando ele disse
que eu tinha ajudado o resto de sua família também.
- Sim. Bella já é uma filha para mim. Uma filha querida.
- Mas você vai deixá-la morrer.
Ele ficou quieto tanto tempo que eu ergui os olhos. Seu rosto estava muito, muito cansado.
Eu sabia como ele se sentia.
- Posso imaginar que você pensa que estou fazendo isso - finalmente ele disse. - Mas eu não
posso ignorar a vontade dela. Não seria certo fazer uma escolha por ela, forçá-la.
Eu queria ficar bravo com ele, mas ele fazia isso ser difícil. Era como se ele jogasse minhas
próprias palavras de volta à mim, dispersas. Elas soariam certas antes, mas não poderiam estar
certas agora. Não com Bella morrendo. Ainda...
Eu me lembrei de como me senti quebrado no chão sob Sam – de não ter escolha, mas de
estar envolvido no assassinato de alguém que eu amava. Não era o mesmo, apesar disso. Sam
estava errado. E Bella amava coisas que ela não deveria.
- Você acha que existe alguma chance dela fazer isso? Digo, como um vampiro e tudo mais.
Ela disse sobre... sobre Esme.
- Eu diria que ainda tem uma chance neste ponto - ele respondeu calmamente. - Eu tenho
visto veneno de vampiros fazer milagres, mas tem situações que nem o veneno pode superar. Seu
coração está trabalhando demais agora; se ele falhar... não haverá nada que eu possa fazer.
A batida do coração de Bella bateu e hesitou, dando uma agonizante ênfase às palavras
dele.
Talvez o planeta tivesse começado a regredir. Talvez isso explicasse como tudo estava ao
contrário do que havia sido ontem – como eu poderia esperar pelo que tivesse parecido uma vez
com a pior coisa do mundo.
- O que aquela coisa está fazendo com ela? - eu murmurei. - Ela estava bem pior noite
passada. Eu vi... os tubos e tudo mais. Pela janela.
- O feto não é compatível com o corpo dela. Forte demais para uma coisa, mas ela
provavelmente pode resistir por um tempo. O maior problema é que ele não a permitirá ingerir as
substâncias que ela precisa. Seu corpo está rejeitando qualquer forma de nutrição. Estou tentando
alimentá-la introvenosamente, mas ela não está absorvendo. Tudo sobre sua condição é
acelerada. Eu estou a observando – não apenas ela, mas também o feto – faminto pela hora. Não
posso parar isso, e não posso fazer com que vá devagar. Não consigo descobrir o que o feto quer.
- Sua aborrecida voz se quebrou ao final.
Me senti do mesmo jeito de ontem, quanto vi as manchas pretas pelo seu estômago –
furioso, e um pouco louco.
Eu apertei minhas mãos contra os pulsos, para controlar o tremor. Odiava a coisa que a
estava machucando. Não era suficiente para o monstro bater nela do lado de dentro. Não, estava
a comendo também. Provavelmente procurando por alguma coisa para penetrar seus dentes –
uma garganta para sugar. Já que não era grande o bastante para matar alguém ainda, ele estava
decidido a sugar a vida de Bella.
Eu poderia contar a eles exatamente o que o ele queria: morte e sangue, sangue e morte.
Minha pele estava toda quente e espinhosa. Eu respirei lentamente, me focando nisso para
me acalmar.
- Eu gostaria de poder ter uma idéia melhor do que isso exatamente é - Carlisle murmurou. -
O feto é bem protegido. Eu não consegui produzir uma imagem de ultra-som. Duvido que exista
algum jeito de enfiar uma agulha pela bolsa amniótica, mas Rosalie não concordará em me deixar
tentar, de forma alguma.
- Uma agulha? - eu resmunguei. - Que bem isso faria?
- Quanto mais eu sabia sobre o feto, melhor eu conseguia estimar do que ele seria capaz de
fazer. O que eu não daria por um pouco de líquido amniótico. Se eu soubesse que até mesmo os
cromossomos contam...
- Você está me perdendo, Doutor. Você pode calar isso?
Ele riu uma vez, mesmo que sua risada parecesse exausta. - Ok. Quanto de biologia você
viu? Você estudou pares de cromossomos?
- Acho que sim. Nós temos vinte e três, certo?
- Humanos sim.
Eu pisquei. - Quantos vocês têm?
- Vinte e cinco.
Eu franzi as sobrancelhas olhando para os meus punhos por um segundo. - O que isso quer
dizer?
- Eu pensei que isso significasse que nossa espécie era quase completamente diferente.
Menos próxima do que um leão e uma casa de gato. Mas esta nova vida, bem, sugere que nós
somos mais geneticamente compatíveis do que pensei. - Ele suspirou tristemente. - Eu não sabia
para alertá-los.
Eu suspirei também. Tinha sido fácil odiar Edward pela mesma ignorância.
- Talvez ajudaria saber que contagem era, se o feto estava mais próximo à nós ou à ela.
Saber o que esperar. - Então ele encolheu os ombros. - E talvez isso não ajudaria em nada. Acho
que só gostaria de ter alguma coisa para estudar, qualquer coisa para fazer.
- Me pergunto como são os cromossomos - Eu murmurei aleatoriamente. Pensei naqueles
testes olímpicos de esteróides novamente. Eles tinham DNA?
Carlisle confessou autoconsciência. - Você tem vinte e quarto pares, Jacob.
Eu virei vagarosamente para encará-lo, erguendo minhas sobrancelhas.
Ele olhou embaraçado. - Eu estava… curioso. Eu tomei a liberdade quando estava cuidando
de você, junho passado.
Eu pensei sobre isso por um segundo. - Eu acho que sair, mas eu não me importo.
- Me desculpe. Eu deveria ter perguntado.
- Tudo bem, Doutor. Você não quis fazer nenhum mal.
- Não, eu prometo a você que não pretendia lhe fazer mal. É só que... eu acho sua espécie
fascinante. Eu suponho que os elementos da natureza de vampiro parecem rotina para mim
através dos séculos. A divergência de sua família da humanidade é muito mais interessante.
Mágica, quase.
- Bibbidi-Bobbidi-Boo - Eu resmunguei. Ele era igual a Bella com aquela porcaria de magia.
Carlisle deu outro riso cansado.
Então nós ouvimos a voz de Edward dentro da casa, e ambos paramos para ouvi-lo.
- Eu já venho, Bella. Eu quero falar com Carlisle por um momento. Na verdade, Rosalie, você
se importaria de me acompanhar? - Edward soava diferente. Tinha um pouco de vida em sua voz
morta. A fagulha de alguma coisa. Não exatamente esperança, mas talvez o desejo de esperança.
- O que foi, Edward? - Bella perguntou roucamente.
- Nada com que você precise se preocupar, amor. Só levará um segundo. Por favor, Rose?
- Esme? - Rosalie chamou. - Você pode tomar conta de Bella pra mim?
Eu ouvi o murmúrio do vento enquanto Esme descia as escadas.
- Claro - Ela disse.
Carlisle se mexeu, se contorcendo para olhar a porta na espera. Edward passou pela porta
primeiro, com Rosalie bem atrás. Sua expressão estava como sua voz, não mais morta. Ele parecia
intensamente focado. Rosalie parecia desconfiada.
Edward fechou a porta por trás dela.
- Carlisle - ele murmurou.
- O que foi, Edward?
- Talvez nós estejamos lidando com isso da maneira errada. Eu estava escutando você e
Jacob agora, e quando vocês estavam falando sobre o que o.... feto quer, Jacob teve um
pensamento interessante.
Eu? O que eu havia pensado? Além do meu ódio óbvio pela coisa? Ao menos eu não estava
sozinho nisso. Eu poderia dizer que Edward tinha dificuldade em dizer um termo tão moderado
como feto.
- Nós não tínhamos nos concentrado neste ângulo - Edward continuou. - Nós temos tentado
dar a Bella o que ela precisa. E seu corpo está aceitando isso tão bem quanto qualquer um dos
nossos aceitaria. Talvez nós devêssemos nos concentrar no que o.... feto precisa primeiro. Talvez
se nós o satisfazermos, poderíamos ajudá-la mais efetivamente.
- Não entendi o que quer dizer, Edward. - Carlisle disse.
- Pense nisso, Carlisle. Se aquela criatura é mais vampira do que humana, você não pode
adivinhar o que ela quer – o que ela não está tendo? Jacob adivinhou.
Adivinhei? Eu pensei na conversa, tentando lembrar que pensamentos mantive guardados.
Me lembrei ao mesmo tempo que Carlisle entendeu.
- Oh - ele disse em um tom de surpresa. - Você acha que ele está... com sede?
Rosalie assobiou através de sua respiração. Ela não estava mais desconfiada. Seu rosto
perfeito revoltado estava iluminado, seus olhos completos de excitação. - Claro - ela murmurou. -
Carlisle, nós temos todo tipo de O negativo economizado para Bella. É uma boa idéia - ela
adicionou, sem olhar para mim.
- Hmm - Carlisle pôs as mãos em seu queixo, perdido em pensamento. - Eu me pergunto... e
então, qual seria a melhor maneira de administrar...
Rosalie sacudiu a cabeça. - Nós não temos tempos para ser criativos. Eu diria que nós
deveríamos começar com o modo tradicional.
- Espere um minuto - eu sussurrei. - Esperem. Vocês – vocês estão falando sobre fazer Bella
beber sangue?
- Foi idéia sua, cachorro - Rosalie disse, me olhando de cara feia sem nunca ter me olhado
muito.
Eu a ignorei e observei Carlisle. O mesmo fantasma de esperança que tinha na expressão de
Edward agora estava nos olhos do Doutor. Ele apertou os lábios, especulando.
- Isso é... - Eu não podia encontrar a palavra certa.
- Monstruoso? - Edward sugeriu. - Repulsivo?
- Demais.
- Mas e se isso ajudá-la? - ele murmurou.
Eu sacudi a cabeça irritadamente. - O que vocês farão, enfiar um tubo pela garganta dela?
- Eu planejo perguntar o que ela acha. Eu só quis falar com Carlisle primeiro.
Rosalie acenou. - Se você contar a ela que isso pode ajudar o bebê, ela estará disposta a
qualquer coisa. Mesmo se nós tivermos que os alimentar com um tubo.
Eu percebi então quando ouvi o quanto sua voz estava romântica quando ela disse a palavra
bebê, que a loira concordaria com qualquer coisa que ajudasse ao pequeno monstro de vidasugadora.
Isso era o que estava acontecendo, o fator misterioso que estava ligando os dois a eles?
Rosalie queria a criança?
Do canto do olho, eu vi Edward acenar uma vez, distraidamente, sem olhar em minha
direção. Mas eu sabia que ele estava respondendo minhas perguntas.
Huh. Eu não teria pensado que a Barbie fria como o gelo teria um lado maternal. Tão grande
para proteger Bella – Rosalie provavelmente colocaria o tubo na garganta de Bella ela mesma.
A boca de Edward se amassou em uma linha, e eu sabia que estava certo novamente.
- Bem, nós não temos tempo de sentar por aí discutindo isso - Rosalie disse
impacientemente. - O que você acha, Carlisle? Podemos tentar?
Carlisle respirou fundo, e então se levantou - Perguntaremos a Bella.
A loira sorriu orgulhosa – certeza que, se fosse para Bella, ela daria seu jeito.
Eu me arrastei pelas escadas, e os segui para dentro da casa. Não sabia porque. Mórbida
curiosidade, talvez. Era como um filme de terror. Monstros e sangue por todo lugar.
Talvez eu não pudesse resistir a outra dose do meu escasso estoque de drogas.
Bella deitada na cama de hospital, sua barriga uma montanha embaixo do cobertor. Ela
parecia cera – sem cor e um pouco transparente. Você pensaria que ela já estava morta, exceto
pelo pequeno movimento de seu tórax, sua respiração fraca.
E então seus olhos, seguindo nós quatro com exaustiva suspeita.
Os outros já estavam ao lado dela, voando através da sala com movimentos repentinos. Era
horripilante de assistir. Eu caminhei até eles com passos lentos.
- O que está havendo? - Bella demandou em um sussurro arranhado. Sua mão raspada
debatia-se para cima – como se ela estivesse tentando proteger seu estômago em forma de balão.
- Jacob teve uma idéia que pode te ajudar - Carlisle disse. Eu desejei que ele me deixasse
fora disso. Eu não tinha sugerido nada. Dê o crédito ao seu marido sugador de sangue, onde isso
pertencia. - Não será.... prazeroso, mas –
- Mas isso ajudará o bebê - Rosalie interrompeu avidamente. - Nós pensamos em uma
maneira melhor de alimentá-lo. Talvez.
As pálpebras de Bella se agitaram. E ela tossiu uma fraca risada. - Não prazeroso? - ela
sussurrou. - Deus, isso será uma grande mudança. - Ela olhou ao tubo preso em sua mão e tossiu
de novo.
A loira riu para ela.
A garota olhou como se ela tivesse somente algumas horas, e tivesse que sofrer, mas ela
estava brincando. Então Bella. Tentando acalmar a tensão, fez isso melhor do que qualquer um.
Edward andou ao redor de Rosalie, nenhum humor tocando sua intensa expressão. Eu
estava feliz por isso. Ajudou, só um pouco, que ele estivesse sofrendo mais do que eu. Ele pegou
a mão dela, não a que estava protegendo sua barriga inchada.
- Bella, amor, nós vamos te pedir para fazer algo monstruoso - ele disse, usando os mesmos
adjetivos que havia me oferecido. - Repulsivo.
Bem, ao menos ele estava sendo honesto.
Ela tomou um fraco, palpitante fôlego. - Quão ruim?
Carlisle respondeu. - Nós achamos que o feto possa ter um apetite mais próximo ao nosso
do que ao seu. Achamos que está com sede.
Ela piscou. - Oh. Oh.
- Sua condição – a condição de ambos – está se deteriorando rapidamente. Nós não temos
tempo a perder, para conseguir maneiras mais saborosas de fazer isso. O jeito mais rápido de
testar a teoria –
- Eu tenho que beber sangue - ela sussurrou. Ela acenou levemente. – energia difícil o
suficiente para uma pequena cabeça. - Eu posso fazer isso. Praticar para o futuro, certo? - Seus
lábios sem cor esticados em um sorriso frouxo enquanto ela olhava para Edward. Ele não sorriu de
volta.
Rosalie começou a bater seus dedos, impacientemente. O som era realmente irritante. Eu
me perguntei o que ela faria se eu a atirasse contra a parede agora.
- Então, quem vai pegar para mim um urso marrom? - Bella sussurrou.
Carlisle e Edward trocaram uma rápida olhada. Rosalie parou de fazer barulho.
- O que? - Bella perguntou.
- Será um teste mais efetivo se nós não ultrapassarmos as normas, Bella - Carlisle disse.
- Se o feto está desejando sangue - Edward explicou - Não é sangue animal.
- Não fará diferença pra você, Bella. Não pense sobre isso - Rosalie encorajou.
Os olhos de Bella se alargaram. - Quem? - ela respirou, e seu olhar parou em mim.
- Eu não estou aqui como um doador, Bells - eu resmunguei. - Além disso, é sangue humano
que essa coisa quer, e eu não acho que o meu se aplica –
- Nós temos sangue em mãos - Rosalie contou a ela, falando por cima de mim, antes que eu
terminasse, como se eu não estivesse ali. - Para você – só pra garantir. Não se preocupe com
nada disso. Tudo ficará bem. Eu tenho um bom sentimento sobre isso, Bella. Acho que o bebê
ficará muito melhor.
A mão de Bella passou por seu estômago.
- Bem - ela disse, mal audível. - Estou faminta, então aposto que ele também está. -
Tentando fazer outra piada. - Vamos nessa. Meu primeiro ato de vampiro
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